Açores: alteração de clima põe em risco agricultura

O clima dos Açores pode estar a alterar-se para um clima mediterrânico, situação que alarma o sector agrícola do arquipélago, noticia a Lusa.

Eduardo Brito Azevedo, do Centro de Clima, Meteorologia e Mudanças Globais (CLIMAAT) da Universidade dos Açores, afirmou que o clima da região aproxima-se das características mediterrânicas, «que se caracteriza por menos chuva no Verão, por exemplo, o que se pode acentuar na próxima década».

Dirigindo-se aos deputados regionais do PSD que visitaram as instalações do CLIMAAT, Brito Azevedo mostra-se preocupado com a transição do clima, que pode afectar a agricultura dos Açores, numa altura em que atravessa dificuldades devido à seca. «Quem faz política, tem de estar preparado para esta situação», disse.

«O clima que caracterizava o arquipélago dos Açores, com chuvas mais regulares por períodos mais pequenos de pluviosidade, pode estar em causa no futuro com chuvas mais dispersas no tempo, por períodos e intensidade mais longa».

Se o cenário previsto de transição do clima se confirmar, muita da água vai perder-se «para o mar, o que põe em causa os recursos hidrológicos, uma vez que os terrenos não conseguem absorver tal quantidade de água», acrescentou.

O deputado regional do PSD/Açores António Ventura garantiu especial atenção para «a implementação de medidas que ajustem a actividade agrícola à imponderabilidade do clima», uma vez que «sem água não é possível sustentar a agricultura».

Para o deputado social-democrata, novas medidas serão fundamentais para «evitar o grande perigo que é a dependência alimentar animal e, por consequência, humana».

António Ventura considerou ainda «fundamental» a criação de um serviço agro-meteorológico, de forma a garantir a informação a todos os agricultoras, para os ajudar na tomada de decisões.

«Esse serviço permitiria aos agricultores saber quando colher ou semear, que são hoje trabalhos de grande incerteza na vida de uma exploração agrícola», sublinhou.

Um outro problema que requer atenção por parte do deputado é o das pastagens. António Ventura defendeu ainda a «elaboração de um plano ou um programa de restabelecimento da produtividade das pastagens que estão altamente degradadas e a tornar-se altamente improdutivas».



«Se até ao final de Setembro persistir a falta de chuva não há pastagem que consiga repor a sua flora para alimentação animal com a mesma energia que detinha», disse.