WikiLeaks: ex-general russo a viver em Portugal tentou vender urânio - TVI

WikiLeaks: ex-general russo a viver em Portugal tentou vender urânio

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A denúncia consta de um telegrama secreto da embaixada norte-americana em Lisboa divulgado pelo jornal «The Guardian». Vários documentos relatam esforços para travar um ataque nuclear

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A embaixada norte-americana em Lisboa terá recebido em 2008 uma denúncia de tráfico de urânio em Portugal. A informação apontava para um «ex-general russo aposentado» a viver em Portugal, segundo é referido num dos telegramas secretos que a WikiLeaks teve acesso e que foi agora divulgado pelo jornal «The Guardian».

O documento data de 25 de Julho de 2008 refere que um homem dirigiu-se à embaixada dos EUA em Lisboa para denunciar um general aposentado russo que tentava vender uma placa de urânio. O homem mostrou-lhes uma fotografia do metal.

O telegrama refere que o «material parece estar em Portugal» e sublinha que «se e quando for determinado, se o material existe de facto, as autoridades portuguesas encarregar-se-ão de o garantir». No telegrama assinado por Stephenson é referido não existir qualquer conhecimento sobre o destino do minério U235, tendo o denunciante referido que teria sido roubado em Tchernobyl.

De acordo com o telegrama, o informador terá sido abordado há cerca de dois meses por um sócio seu - de nome Orlando - que trabalhava também para um «velho juiz português a viver perto do Porto». Orlando queria a sua ajuda para vender o minério. Aos diplomatas, contudo, «foi incapaz de fornecer qualquer identificação do ex-general russo» ou outras mais.

Na fotocópia, que mostrava uma placa de urânio fotografada em cima de um exemplar do «Jornal de Notícias», seriam visíveis também algumas notas sobre as dimensões do bloco e o seu peso: 25.350 quilogramas.

No telegrama, Stephenson refere que «neste momento, é difícil fazer uma avaliação da credibilidade da fonte», embora descreva o denunciante como uma pessoa bem-vestida. «Parecia calmo, confiante e alerta, e respondeu rapidamente às perguntas, especialmente sobre sua motivação (financeira)», lê-se no telegrama que termina dizendo que o «denunciante não parece ser mentalmente instável e realmente parece acreditar que as placas são de facto de urânio».

Este e outros telegramas divulgados pelo jornal «The Guardian» relatam os esforços constantes de Washington para tentar evitar o pesadelo de um ataque terrorista nuclear. Para os EUA, os perigos de falta de segurança são provenientes de duas frentes: África e países da ex-URSS. As embaixadas dos EUA pelo mundo são, por isso, uma segunda linha de informação sobre o contrabando de urânio pelo mundo. Nos documentos divulgados, são citados várias denúncias relacionadas com o minério.

No Iémen, por exemplo, chega a denúncia de matérias radioactivas sem protecção.

Em Junho de 2007, a embaixada norte-americana no Burundi terá recebido, por seu turno, a denúncia de um homem de idade avançada sobre urânio escondido numa localidade junto à fronteira da República Democrática do Congo. Esse ancião regressou uma segunda vez aos escritórios diplomáticos com um contrabandista congolês e fotografias de uma cesta de vime cheia com o metal escondido num antigo prédio colonial belga. Em Kinshasa, chegaram relatos de resíduos perigosos mal protegidos, encerrados por vedações cheias de buracos.



Em 2006, um telegrama da Tânzania denunciava que o contrabando de urânio poderia estar a passar pela capital daquele país africano. «De acordo com um diplomata suíço, o envio de urânio através de Dar es Salaam é do conhecimento de duas empresas de transporte suíço, mas ninguém quer na empresa admite isso por escrito».

No mercado negro do urânio, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) registou desde meados da década de 90 cerca de 500 casos envolvendo armas nucleares ou material radioactivo. De entre estes casos, existe o registo de 15 casos que envolvem enriquecimento de urânio e de plutónio - casos detectados sobretudo mas antigas repúblicas soviéticas e Europa Oriental.
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