Ourives diz que matou assaltante «sem intenção»

O ourives acusado de matar a tiro um dos assaltantes do seu estabelecimento defendeu-se esta terça-feira, na primeira sessão do julgamento, dizendo não ter tido «intenção de matar ninguém» e que estava «completamente descontrolado», informa a Lusa.

«A minha intenção não era a de matar ninguém. Era uma defesa própria», afirmou hoje Fernando Vilaça ao colectivo de juízes do Tribunal Judicial de Santo Tirso onde começou a ser julgado e a prestar depoimento separado dos restantes arguidos.

O arguido, acusado de homicídio privilegiado, alegou que ao disparar a caçadeira pretendia apenas «rebentar o pneu de trás» do veículo onde os assaltantes pretendiam fugir, mas que entretanto um deles «meteu-se na frente do tiro».

Acrescentou mesmo que na altura não ficou com a certeza de ter atingido um dos assaltantes até porque só o viu «a ceder um bocado» e a entrar «sozinho pela janela» do veículo.

«Até pensei que não o tinha atingido. Não ficou lá sangue», assegurou o ourives que começou o depoimento visivelmente transtornado com o sucedido.

Ao tribunal Fernando Vilaça relatou que, a 06 de Julho de 2009, pelas 09:30, estava no seu estabelecimento, na Trofa, quando três indivíduos encapuzados lá entraram, um deles com uma caçadeira, dizendo «isto é um assalto».

Enquanto um dos indivíduos lhe apontava a arma, ameaçando-o de morte caso se mexesse, os outros dois «partiam as montras com ferros» e retiravam de lá valores que «metiam para um saco».

Os arguidos acabariam por sair da loja, altura em que Fernando Vilaça decidiu seguir no seu encalço, pegando numa caçadeira que tinha no estabelecimento «há cerca de ano e meio, dois anos, por causa dos assaltos a ourivesarias», mas que apenas tinha disparado «uma vez» depois de a comprar «há 15 anos».

«A minha intenção nunca foi matar ninguém ou ferir ninguém», garantiu o ourives, frisando ter apenas disparado depois de os assaltantes terem, também, começado a disparar na sua direcção.