Esta é a história de uma pequena oficina, invulgar e única em Portugal, onde se fabricam bengalas para cegos. Invulgar, porque nela trabalham três homens que não vêem.
Manobram máquinas perigosas, ainda que protegidas, e tal é a sua experiência, que nunca houve um único acidente.
Apoios do Estado também não têm, ainda assim sobrevivem e ajudam outros cegos a sobreviver. Mais, conseguem produzir as bengalas bem mais baratas do que as que vêm do estrangeiro.
Vítor Graça, é o gerente dessa oficina. Também ele cego. Perdeu a visão há 26 anos. Cumpriu o luto da deficiência e hoje a sua vida é completamente normal. Vítor Graça guarda na memória, as imagens do tempo em que via. Imagens a cores que o tempo vai esbatendo.
Talvez por isso, diz que se pudesse voltar a ver talvez recusasse, talvez porque há uma imagem que Vítor Graça nunca viu: a cara dos filhos. Só por isso, um dia, se pudesse ver, talvez Vítor aceitasse esse milagre.
«Reportagem TVI:» um lugar único em «A bengala colorida»
- Redação
- José Gabriel Quaresma
- 7 jul 2010, 20:53
De cego para cego: um trabalho de José Gabriel Quaresma
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