Medicamentos «desperdiçados»? - TVI

Medicamentos «desperdiçados»?

  • Portugal Diário
  • 23 jan 2008, 09:40
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CDS-PP leva ao Parlamento discussão sobre a comercialização generalizada de medicamentos por unidose. Intenção é acabar com o desperdício e «poupar dinheiro ao Estado», mas o PS já avisou que vai reprovar a proposta. Concorda com a proposta? Envie o seu comentário Medicamentos: fixado tecto máximo de despesa

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PSD, BE e PCP concordam com a comercialização generalizada de medicamentos por unidose, que será defendida esta quarta-feira no Parlamento pelo CDS-PP, mas o Governo compromete-se apenas com a sua dispensa em farmácias hospitalares de venda ao público, informa a agência Lusa.

O projecto do CDS-PP, que será discutido em plenário e chumbado pelo PS, propõe mecanismos de redução do desperdicío de medicamentos mediante a generalização da prescrição por Denominação Comum Internacional e da dispensa, no ambulatório, de fármacos em dose unitária (unidose). Actualmente, a venda de medicamentos por doses, em alternativa às embalagens, é feita exclusivamente nas farmácias de uso hospitalar.

Medicamentos vendidos em unidose

CDS: Portas defende unidose nos medicamentos

Para a deputada do CDS-PP Teresa Caeiro, «é inconcebível que, por falta de vontade política, uma medida justa que não penaliza ninguém e permite poupar dinheiro ao Estado e aos utentes» continue por concretizar: «Se os médicos passassem a prescrever em unidose seria um sucesso a todos os níveis: os consumidores só comprariam os medicamentos de que precisam e o Estado só comparticiparia o estritamente necessário para a cura».

O CDS-PP pretende que seja ainda generalizada a prescrição de medicamentos por Denominação Comum Internacional, ou seja, em função da substância activa e não da marca, que, considera, «não é necessariamente o melhor».

Apesar de concordar com a medida, o PSD faz depender a generalização da venda de medicamentos em unidoses da salvaguarda da segurança e informação dos doentes. «No internamento hospitalar, a dose individual é administrada por um enfermeiro, enquanto no ambulatório a administração é feita pelo próprio doente», apontou a deputada social-democrata Ana Manso.

Já para o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, a dispensa de fármacos em unidoses «é um compromisso antigo que está por concretizar» face à «subserviência aos interesses da venda de medicamentos em excesso», protagonizados pela indústria farmacêutica.

O deputado do PS Manuel Bizarro considerou a proposta dos democratas-cristãos «pura demagogia», já que, antes de «generalizar» a venda de medicamentos em unidose, «convém experimentar e avaliar os resultados».

Fonte do gabinete do ministro da Saúde, que estará ausente do debate, adiantou que está prevista para breve a dispensa de medicamentos em doses individualizadas em farmácias de venda ao público nos hospitais, cuja regulamentação está a ser preparada.

Apifarma está contra

A indústria farmacêutica considera que a venda de medicamentos em unidose «poderia acarretar um perigo para a saúde pública», classificando a proposta de «irreflectida» e «demagógica».

Segundo a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), a distribuição de medicamentos por unidose pode pôr em causa a saúde pública por não estarem acauteladas «as condições exigíveis de qualidade e segurança».

A indústria farmacêutica defende antes que «o Estado e todos os intervenientes do sistema de saúde e do medicamento contribuam para a utilização racional do medicamento, promovendo a participação dos profissionais de saúde e dos doentes e assim propiciar uma maior adesão à terapêutica».
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