Tradição com gato leva a queixa-crime - TVI

Tradição com gato leva a queixa-crime

  • Portugal Diário
  • 23 jan 2008, 21:05

Vouzela: padre, presidentes da câmara e da junta sentem-se difamados

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Os presidentes da Câmara de Vouzela e da Junta de Campia e um padre vão apresentar uma queixa-crime por difamação contra o autor de uma mensagem que os liga a uma tradição carnavalesca em que é usado um gato, noticia a Lusa.

A mensagem circulou nos últimos dias na Internet e relata o que diz ser «uma tradição primitiva e cruel que serve apenas para divertir uns quantos sádicos», que acontece em Campia, uma aldeia do concelho de Vouzela.

«Os organizadores caçam, roubam um gato, algures, e metem-no num cântaro onde fica fechado até à hora da festa. Depois, no largo da festa, está um grande mastro ladeado de lenha, o cântaro é elevado por cordas até ao cimo do mastro, a seguir lançam fogo à lenha que aquece o cântaro, queima as cordas e o cântaro cai desfazendo-se em cacos», conta, acrescentando que «o gato (se ainda puder) corre espavorido, tendo à perna a parolada toda a persegui-lo com paus para ver quem lhe acerta».

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O autor da mensagem pede que esta seja passada «ao maior número de pessoas» e seja enviada «uma crítica a quem tem culpas desta prática: o presidente da junta, que é um dos organizadores, o presidente da Câmara que concorda, o padre que abençoa a festa e todos os que vêem, calam e consentem».

«Há mais de 20 anos que já não é feita»

O presidente da Junta de Freguesia de Campia, António Ferreira, admitiu que esta tradição, «com mais de cem anos», já se cumpriu na aldeia, mas garante que «há mais de 20 anos que já não é feita».

Segundo António Ferreira, tratava-se «de uma brincadeira, em que o gato não era molestado, fugia sem que lhe acontecesse alguma coisa», e desmente o relato feito na mensagem.

«Não se fazia fogueira nenhuma. Havia palha à volta do pau e a atar o púcaro. Chegava-se fogo à palha, que ia pelo pau acima, só mesmo para deitar o púcaro abaixo. O gato fugia por entre as pernas das pessoas e ninguém lhe batia», garantiu.

Por considerar a mensagem «ofensiva, invocando nomes de pessoas que não têm nada a ver com isso», António Ferreira disse que, juntamente com o presidente da Câmara e o padre, apresentará uma queixa-crime contra o seu autor.

O presidente da autarquia, Telmo Antunes, disse à Lusa nunca ter assistido a esta tradição e lembrou que, «já há uns anos», foi levantada a mesma polémica, por uma pessoa residente em Cambarinho, a quem atribui a autoria do e-mail.

Segundo Telmo Antunes, esta será a sua terceira queixa contra a mesma pessoa, a quem acusa de o difamar por problemas relacionados com a variante de Cambarinho, que passa num seu terreno.
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