Governo do Reino Unido quer cortar subsídios de invalidez a quem sofre de depressão ou ansiedade - TVI

Governo do Reino Unido quer cortar subsídios de invalidez a quem sofre de depressão ou ansiedade

  • CNN Portugal
  • MTR
  • 29 abr, 19:09
Ansiedade (Pexels)

Pedidos de acesso a benefícios atingiram um "nível insustentável", segundo o governo britânico

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Pessoas que sofram de depressão ou ansiedade podem vir a perder o acesso a subsídios de invalidez no Reino Unido. Estas medidas fazem parte do pacote de reformas sociais do governo que o ministro do Trabalho e Pensões, Mel Stride, deverá anunciar em breve, num plano de revisão sobre como os benefícios por invalidez passam a funcionar.

O ministro afirma querer "uma conversa adulta e sensata" sobre o futuro destes benefícios, que ajudam pessoas com algum tipo de patologia, a serem capazes de comportar o custo de vida cada vez mais alto. Em declarações reproduzidas pela Sky News, Mel Stride questionou a audiência no parlamento: "É adequado ao propósito, (o benefício) dado o mundo em que vivemos hoje, no qual as questões de saúde mental, infelizmente, representam mais problemas do que há uma década? Devíamos estar a pensar se as prestações diretas de transferência monetária são a resposta adequada para todos, ou se alguém poderá beneficiar de um tratamento que melhore a sua condição e, em muitos casos, se estiver desempregado, ajude a conseguir trabalho."

O responsável continuou, afirmando que o número de beneficiários está a crescer a um ritmo insustentável e que todas as evidências apontam para os efeitos positivos que o trabalho tem na saúde mental de cada um. "O terreno mudou, é por isso que quero fazer esta 'consulta', temos de pensar com cuidado sobre como avançar". Em entrevista ao The Times, o ministro sugeriu que indivíduos com "patologias de saúde mental menos graves" deixariam de receber apoios financeiros com a nova reforma e que o sistema não deveria pagar às pessoas para lidar com as "dificuldades comuns da vida". É que Mel Stride acredita que muitos eleitores partilham essa visão.

As propostas apresentadas esta segunda-feira seguem-se a um discurso em que o primeiro-ministro Rishi Sunak anunciou grandes mudanças no sistema de segurança social no início deste mês, dizendo que "deve esperar-se que as pessoas com problemas de saúde mental menos graves se envolvam no mundo do trabalho" e que o sistema estava a ser “mal utilizado”. Afirmou também que reduzir a dependência de benefícios e cortar os custos do bem-estar para os contribuintes é uma "missão moral". Segundo Mel Stride, caso os benefícios por invalidez não sofram qualquer alteração, a despesa total subiria para cerca de 28 mil milhões de libras (aproximadamente 32 mil milhões de euros) até 2029, duplicando o valor da época pré-covid.

O objetivo, segundo o governo, é intensificar outras terapias como por exemplo a "terapia da fala" e integrar programas de procura de emprego. Sarah Hughes, chefe-executiva da instituição Mind, citada pelo Financial Times, respondeu à iniciativa do governo, afirmando que "estas pessoas precisam de apoio personalizado, não de ser ameaçadas de que vão perder o pouco dinheiro com que contam para sobreviver".  Citado pelo The Guardian, James Taylor, diretor de estratégia da instituição Scope, apelou ao "fim do ataque" às pessoas com diferentes tipos de patologias e à resolução dos "problemas reais associados". Acrescenta ainda que "a vida é mais cara para pessoas com deficiência e isso inclui pessoas com patologias de saúde mental. Ameaçar retirar a pequena soma que o benefício oferece não vai resolver os problemas do país".

O PIP foi introduzido no Reino Unido em 2013 destinado a  cobrir os custos extra associados com alguma patologia ou doença, para pessoas em idade de trabalhar. O montante recebido depende do grau de dificuldade de cada um a realizar as tarefas do dia-a-dia e do seu nível de independência. O maior valor semanal possível é 184,30 libras (cerca de 215 euros). De acordo com estatísticas divulgadas pelo site do governo, mais de três milhões de pessoas recebem este apoio, num montante que é utilizado para cobrir dietas especiais, transportes acessíveis a mobilidade condicionada ou seguros. 

O número de pedidos de acesso ao PIP em Inglaterra e País de Gales passou de 2.200 por mês em 2019 para 5.300 no ano passado, segundo o governo a situação é  "insustentável".

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