Mexa no computador sem teclado nem rato - TVI

Mexa no computador sem teclado nem rato

Novo conceito de interface gestual homem/computador (PAULO NOVAIS/LUSA)

Investigadores de Coimbra criam sistema gestual para interagir com a máquina em cenários de trabalho em equipa

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Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra desenvolveram um sistema pioneiro de interacção entre o homem e o computador através de gestos naturais, dispensando o uso do teclado e do rato.

Segundo uma nota divulgada esta terça-feira pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), o sistema de interacção gestual é «essencial para cenários de trabalho em equipa, em que todos os membros podem ver, partilhar, anotar e tomar decisões sobre informação digital, de uma forma muito mais eficaz».

De acordo com o docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da FCTUC, Paulo Peixoto, já existem alguns sistemas idênticos a este, mas são baseados no toque e não nos gestos, que permitem às pessoas colaborar «sem estarem presas ao rato e ao teclado».

Concebido por uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica da FCTUC, o HCOGICOS (Interface Gestual Homem Máquina para Ambientes Colaborativos) «é especialmente vocacionado para ambientes de colaboração, em que várias pessoas necessitam de interagir com o computador para desempenharem, em conjunto, uma qualquer tarefa». «Neste caso, o tradicional paradigma de interface com o computador, baseado na utilização do teclado, rato e monitor, torna-se inapropriado», adianta.

Interface gestual

Com esta interface gestual «cada interveniente pode interagir livremente com o computador sem a necessidade de qualquer dispositivo externo, recorrendo apenas a um conjunto de gestos naturais reconhecidos pelo computador».

Paulo Peixoto, coordenador do projecto, disse hoje à agência Lusa que a demonstração que a sua equipa criou, e que está «praticamente pronta», consiste num conjunto de oito gestos que permitem espoletar várias acções (rodar para a esquerda ou para a direita, fazer zoom, entre outras) em mapas da NASA.

Trata-se de «uma óptima ferramenta para quem trabalha em equipa», que proporciona «uma forma elegante de interacção para um vasto conjunto de cenários de colaboração, nomeadamente reuniões de executivos, engenheiros, equipas de CAD/CAM, gabinetes de design e arquitectura», adianta a nota.

«Imaginemos um cenário típico de um gabinete de arquitectura: a equipa despenderá muito menos tempo a discutir e analisar um projecto apresentado sob a forma de uma maqueta digital, pois todos poderão interagir com ela de forma natural, manipulando-a ou alterando-a, sem ter de recorrer aos tradicionais teclado e rato», exemplifica Paulo Peixoto.

Mega-ecrã de computador

O modelo consiste num mega ecrã de computador, colocado na horizontal, sobre o qual os utilizadores interagem com o computador («tabletop display»). Prevê um complexo trabalho de aquisição de imagens dos utilizadores de forma a detectar e reconhecer um conjunto pré-definido de gestos das mãos.

No âmbito da investigação, a equipa foi ainda confrontada «com o desafio de desenvolver um novo método de reconhecimento de gestos das mãos e que resolveu duas das principais dificuldades sentidas em qualquer tarefa de reconhecimento de gestos: como determinar onde começa e acaba cada gesto, através da análise da trajectória contínua da mão, e como lidar com a variação espaço-temporal sentida sempre que os utilizadores executam o mesmo gesto várias vezes».

«À medida que os computadores se tornam cada vez mais omnipresentes no nosso dia a dia, torna-se necessário que a interacção homem-computador seja cada vez mais natural e intuitiva. O reconhecimento de gestos utilizando visão por computador surge como uma tecnologia importante neste contexto e tem recebido muita atenção por parte da comunidade científica nos últimos anos», salienta Paulo Peixoto.

O projecto da equipa do Instituto de Sistemas e Robótica é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
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