Espanhóis descobrem restos mortais de Cervantes - TVI

Espanhóis descobrem restos mortais de Cervantes

Investigadores afirmam que o esqueleto não está inteiro, mas algumas das ossadas localizadas em Janeiro, em Madrid, podem mesmo ter pertencido ao autor de «D.Quixote» e à mulher

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Os arqueólogos e cientistas forenses que há um ano procuram o túmulo do escritor espanhol Miguel de Cervantes no Convento das Trinitárias Descalças, em Madrid, terão mesmo achado os restos mortais do autor de «D. Quixote de la Mancha». O cientista que dirige a investigação afirmou, esta terça-feira, que «é possível considerar que entre os fragmentos encontrados» na igreja das Trinitárias se encontram «alguns» que pertencem ao autor de D. Quixote.

Francisco Etxebarria, o cientista que dirige a investigação promovida pela autarquia de Madrid disse à agência EFE que os fragmentos que foram encontrados permitem concluir «sem discrepâncias» que se tratam de restos mortais do escritor espanhol Miguel de Cercantes Saavedra, autor da obra D. Quixote de La Mancha e que morreu em 1614.

Os especialistas apresentam esta terça-feira, em conferência de imprensa, os resultados oficiais da investigação sobre Miguel de Cervantes.

Em declarações à EFE, o mesmo responsável explica que as ossadas «compatíveis» com as de Cervantes (1547-1616), encontradas junto às da mulher, Catalina Salazar, não estavam no local da sepultura primitiva e sim na cripta para onde terão sido transladadas a partir de 1673, ano em que começaram as obras de renovação da igreja deste convento do Bairro das Letras, em pleno centro da cidade de Madrid e que terminaram em 1690.
 

Ferido em batalha

 
No final de Janeiro, a equipa de Francisco Etxebarria anunciou com grande entusiasmo que tinha encontrado, na cripta do Convento das Trinitárias Descalças, um caixão de madeira em avançado estado de decomposição com as iniciais «MC» gravadas em ferro. A cripta é um espaço de 70 metros quadrados que fica quase cinco metros abaixo do solo da igreja, com 36 nichos ocupados por ossadas. Iniciou-se, então, um complexo processo de análise dos vestígios, apostado em identificar provas de lesões nos ossos do escritor e dramaturgo.

Miguel de Cervantes foi ferido no peito e na mão esquerda na Batalha de Lepanto, a que em 1571 apôs a República de Veneza e os reinos partidários do Papa ao império otomano, o que levou os especialistas a procurarem, por exemplo marcas do impacto de balas no esterno e traços de atrofia óssea.

A mandíbula e outros ossos que agora dizem ser «compatíveis» com os de Cervantes foram retirados desse caixão, onde estavam misturados com ossadas infantis.

De acordo com as fontes históricas, Cervantes foi sepultado naquele convento a seu pedido, já que era um grande devoto da ordem trinitária, que o terá salvado do cativeiro em Argel, onde esteve cinco anos.

Os resultados desta fase de trabalhos coincidem com os 400 anos da publicação da segunda parte de «D. Quixote de la Mancha» e antecedem o quarto centenário da morte do escritor universal. A publicação do segundo volume de D. Quixote de La Mancha (1615), considerado como o primeiro romance moderno, é assinalada este ano e em 2016 assinala-se o quarto centenário da morte de Miguel de Cervantes Saavedra (23 de abril de 1616).


«Rasto português»


Na semana passada, o diretor do Instituto de Cervantes em Lisboa disse à agência Lusa que há um «rasto português» na obra de Miguel de Cervantes marcado pela passagem do escritor espanhol pela capital portuguesa em finais do século XVI e que deve ser aprofundado.

Javier Rioyo pretende, por isso, organizar um congresso a realizar em Lisboa sobre os aspetos portugueses na obra do autor espanhol.

«Em, abril do ano que vem cumprem-se os 400 anos sobre a morte do autor. O congresso terá carácter internacional, com universidades portuguesas, espanholas, norte-americanas e outras, além dos grandes biógrafos de Cervantes que são franceses, ingleses e italianos. É preciso envolver gente diferente», referiu Javier Rioyo.
 
 
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