NDrive: «Vemos o iPhone em Portugal como uma oportunidade» - TVI

NDrive: «Vemos o iPhone em Portugal como uma oportunidade»

  • Rui Pedro Vieira
  • 27 fev 2008, 13:43
NPhone

Empresa especialista em GPS espera quase triplicar facturação este ano

Sempre atenta às entradas de grandes players no mercado nacional, a portuguesa NDrive vê com bons olhos a chegada da Apple e dos seus telemóveis. Em entrevista à Agência Financeira, o administrador João Neto explica ainda como se pode fazer a diferença quando a concorrência é dominada por gigantes mundiais.

Os concorrentes da NDrive, nomeadamente a TomTom e a Garmin, são empresas gigantes. Como fazer a diferença?

São colossais. A TomTom, por exemplo, é 160 vezes maior do que nós, embora há seis ou sete anos fosse mais pequena do que somos agora. A Garmin, por outro lado, é um player histórico que está cá desde que há GPS. Para a NDrive poder competir neste mercado, não chega ter soluções como tem a TomTom. Temos que ter soluções diferentes, com vantagens competitivas. E ninguém já fica indiferente ao que conseguimos fazer a nível tecnológico. A NDrive facturou 11,5 milhões de euros em 2007, o que representa um crescimento de quatro vezes face ao ano anterior. Precisamos de manter esta taxa e, para isso, temos de ser capazes de inovar e de expandir no mercado.

Que expectativa de facturação têm para 2008?

Cerca de 30 milhões. Em 2007, o mercado internacional já foi mais de metade da nossa facturação e este ano vai ser de 80 por cento, pelo menos.

Já têm uma presença em pelo menos 10 países.

Temos expressão forte, além de Portugal, em Espanha, França e Brasil, por esta ordem. Já temos uma presença, desde há alguns meses, na Itália e na Bélgica. Temos pequenas operações no México, em Singapura, na Turquia e na Grécia. Estamos prestes a entrar na Escandinávia, na Europa de Leste e no Benelux como um todo.

É difícil entrarem nos Estados Unidos ou no Japão, mercados tradicionalmente mais fortes nesta área?

O Japão é um mercado que está fechado. Vive das suas próprias soluções. Já nos Estados Unidos, também achava impossível, mas das duas vezes que lá estive, achei os operadores tão interessados, que admito que essa é uma forte possibilidade.

Para a NDrive, a base vai continuar a ser o GPS ou cada vez mais os telemóveis?

O GPS é, sem dúvida, a nossa grande aposta, até porque todos os nossos telemóveis vão ter sempre GPS. No fundo, o telemóvel é uma forma diferente de vender um GPS.

De que forma estão atentos à crise dos mercados e de que modo os seus efeitos obrigam a uma revisão de planos?

O sector da tecnologia está a crescer, a uma média de 100% ao ano. A crise tem como consequência o facto do mercado do consumidor estar muito pressionado, principalmente ao nível de uma descida de preços. Isso tem impacto na forma como trabalhamos e nas nossas margens e volumes. Não esperamos um ano fácil não só porque o mercado está mau, mas porque a concorrência é agressivíssima. Queremos manter o nível de crescimento e sinto que temos as condições para responder a estes desafios.

No ano passado, houve um interesse generalizado em torno do iPhone da Apple. Como analisa este produto e, ao mesmo tempo, não teme a sua entrada no mercado nacional?

Vemos o iPhone como uma oportunidade e como uma excelente solução para o mercado. Das 265 mil licenças que disponibilizámos, 165 mil foram ao nível da disponibilização do nosso software para fabricantes de telemóveis. Neste tópico, há poucos players e poucas alternativas disponíveis, pelo que isso faz também parte da nossa estratégia. Vemos a Apple, como qualquer outro grande player a entrar no nosso mercado, com uma dupla vantagem: primeiro, a oportunidade de colocarmos o nosso produto. Por outro lado, traz publicidade ao segmento de navegação. Somos um «microplayer» neste mercado pelo que qualquer onda serve para «surfarmos». Seria uma excelente oportunidade, embora apenas teórica, porque a Apple não abriu nenhum concurso a fabricantes de software.
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