«Ciência à portuguesa»: a lutar contra o cancro - TVI

«Ciência à portuguesa»: a lutar contra o cancro

Estudo leucemia T

Estudo demonstrou que é possível diminuir os efeitos secundários do tratamento

O estudo da Unidade de Biologia do Cancro do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa é mais um exemplo da melhor Ciência que se faz em Portugal. A descoberta de João Taborda e de mais três investigadores portugueses torna possível diminuir os efeitos secundários do tratamento do cancro, como por exemplo da quimioterapia.

«Analisámos um tipo de cancro do sangue, a linfoblástica aguda de células T, e a molécula em particular que serve de travão à progressão tumoral - a PTEN. Quando esta proteína deixa de estar presente na célula, há tendência para desenvolver o tumor», explicou João Taborda ao PortugalDiário.

Menos efeitos secundários no futuro

Depois de verificar que, «neste tipo de tumor, o supressor está presente nas células com níveis normais», a equipa tentou desvendar esse paradoxo. «Uma outra molécula, a CK2, tem níveis aumentados nas células malignas. Esta molécula inibe a actividade do supressor tumoral, inibe a função da PTEN. Concluímos que esta se encontra na célula tumoral, mas está inactiva», continuou.

A investigação na área da leucemia T (que ocorre geralmente em crianças e jovens adultos) demonstrou, assim, que inibindo a CK2, é possível eliminar as células tumorais sem afectar as células normais.

«Na prática, será possível, a longo prazo e caso haja aplicação clínica do nosso estudo, diminuir os efeitos secundários do tratamento do cancro», que são altamente prejudiciais para o paciente, melhorando assim a sua qualidade de vida.

Portugueses «orgulhosos» da Ciência

Os quatro investigadores da Unidade de Biologia do Cancro do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa contaram com a colaboração de outros portugueses e também de brasileiros. O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Quanto à Ciência que se faz em Portugal, João Taborda acredita que é de «boa qualidade» e é «optimista» no que diz respeito à sua divulgação e posterior aceitação. «Ao contrário de muita gente, eu acho que há uma maior divulgação e uma maior receptividade das pessoas. Vê-se que já há uma secção de ciência nos jornais, é importante educar os portugueses, que me parecem orgulhosos no nosso trabalho», afirmou.
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