Licença que não é bem para matar  (2ª parte) - TVI

Licença que não é bem para matar (2ª parte)

Logo Forbes.com

Taser, uma pistola eléctrica

Quando o projéctil XREP atinge alguém, pequenas sondas atravessam a sua pele ou roupa. Uma lâmina de metal presa por um fio cai da parte traseira da cápsula para criar um outro ponto de contacto no corpo alvo, libertando uma corrente eléctrica através dos músculos do corpo e causando espasmos. Caso o alvo tente agarrar o XREP e toque no fio, é libertada mais uma corrente surpresa através da mão que o está a agarrar.

Por muito violento que o novo aparelho possa parecer, a Taser defende que o XREP e o Shockwave ambos prometem pôr fim a um maior número de situações perigosas como nunca antes se tinha conseguido, sem ser necessário o recurso ao uso de força letal ou sem colocar os polícias em situações perigosas. «Os polícias são pagos para aplicarem a lei, não são pagos para se ferirem. A Polícia precisa disto. Por isso é que sobrevivemos a toda à polémica em torno dos nossos produtos», afirma o porta-voz da Taser, Steve Tuttle.

Fotografia: Oito Armas «Menos Letais»

Fotografia: Titãs da Tecnologia

Fotografia: Hot Spots de Ataques Cibernéticos

Fotografia: Os Destinos Mais Perigosos do Mundo

Fotografia: As Águas Mais Perigosas do Mundo

Fotografia: Como Manter um Multimilionário em Segurança

Porém, Dalia Hashad, directora dos direitos humanos na Amnistia Internacional nos EUA, refere que as armas são «algo saído de um mau videojogo». Ela advoga que a Shockwave e a XREP são tecnologias ainda não testadas, que podem ser usadas indiscriminadamente.

Desde que em 2000 a polícia norte-americana começou a utilizar as tasers, 350 pessoas morreram sob detenção policial após terem sido atordoadas por estas armas, segundo as estimativas da Amnistia Internacional. Em 40 desses casos, as tasers foram indicadas pelo perito forense como a possível causa de morte, refere Hashad, e, em muitos casos, a vítima era um idoso, sob a influência de drogas ou com problemas mentais.

Estes tipos de vítimas são as que têm mais probabilidades de sofrerem lesões causadas pelo atordoamento, acrescenta Hashad. Tentar discernir quando é que uma taser deve ser usada apropriadamente torna-se complicado quando o alcance da taser é alargado ou quando a Shockwave é disparada para múltiplos alvos. «Não há uma avaliação individual», refere Hashad. «Estamos a pedir à polícia que considere se alguém que estão prestes a atordoar com a taser é um candidato apropriado tendo em conta todos os riscos. Como é que podem fazer isso para seis pessoas em simultâneo?»

Hasha afirma ainda que as configurações padrão da XREP libertam um choque de 20 segundos, comparado com o choque de 5 segundos da taser tradicional. Ela defende que o tipo de incapacitação prolongada é o que tradicionalmente tem mais probabilidades de originar lesões ou até causar a morte. «Levanta questões bastante pertinentes sobre como é que a duração do choque afecta o organismo humano» conclui.
Continue a ler esta notícia