Portuguesa em equipa de descoberta «revolucionária» - TVI

Portuguesa em equipa de descoberta «revolucionária»

Laboratório

Pessoas em estado vegetativo têm uma ligação cerebral interrompida

Uma equipa de cientistas internacional, que inclui uma portuguesa, descobriu que as pessoas em estado vegetativo têm uma ligação cerebral interrompida, uma descoberta que pode «revolucionar» o diagnóstico clínico actual e que é publicada na revista Science.

De acordo com a investigadora portuguesa, Marta Garrido, a trabalhar na University College of London, «os resultados deste estudo poderão complementar e revolucionar o diagnóstico e o prognóstico clínico actual, uma vez que se baseia numa medida biológica objectiva: a interrupção de uma ligação cerebral específica».

Segundo explicou à agência Lusa, para a investigação, foram obtidos dados de electroencefalografia em pacientes em estado vegetativo, em estado de consciência mínima e em pessoas saudáveis, durante a apresentação de uma sequência de estímulos auditivos.

Em resultado desta experiência, concluiu-se que as respostas eléctricas cerebrais dos pacientes são muito reduzidas em comparação com as observadas nas pessoas saudáveis.

«Além disso, recorrendo a modelos matemáticos que procuram descrever a dinâmica cerebral, descobriu-se que pacientes em estado vegetativo apresentam uma interrupção na ligação entre o córtex frontal e o córtex auditivo», uma ligação que se encontra intacta em pessoas saudáveis e em pacientes num estado de consciência mínima.

A importância de tal descoberta é precisamente a possibilidade de distinguir entre o estado vegetativo e o estado de consciência mínima, o que actualmente «é muito difícil».

«Os métodos de diagnóstico em coma baseiam-se sobretudo em medidas comportamentais, sendo que um paciente em estado de consciência mínima apresenta alguns comportamentos que requerem cognição, enquanto um paciente em estado vegetativo apresenta apenas comportamentos reflexivos. No entanto, a distinção entre estado vegetativo e estado de consciência mínima é muito difícil», explicou.

Por isso mesmo, a investigadora acredita que os resultados do estudo «poderão complementar e revolucionar o diagnóstico e o prognóstico clínico actual», uma vez que se baseia numa medida biológica objectiva: a interrupção de uma ligação cerebral específica.

«Estamos convencidos de que a metodologia que descrevemos neste estudo poderá melhorar significativamente o diagnóstico clínico actual. Além disso, a tecnologia envolvida é relativamente simples e de baixo custo, o que permite que estes testes sejam feitos com alguma facilidade», acrescentou Este estudo resulta de uma colaboração entre a University College of London e a Universidade de Liege.
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