Bush com Dalai Lama - TVI

Bush com Dalai Lama

  • Portugal Diário
  • 11 out 2007, 00:45

Presidente vai assistir à entrega de uma condecoração do Congresso americano

O presidente norte-americano, George W. Bush, vai assistir na próxima semana à entrega de uma condecoração do Congresso ao Dalai Lama, apesar de arriscar as críticas da China, anunciou esta quarta-feira a Casa Branca, escreve a Lusa.

«O presidente e a senhora Laura Bush assistirão à cerimónia», disse o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Gordon Johndroe.

Na cerimónia, prevista para 17 de Outubro, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, vai atribuir a Medalha de Ouro do Congresso ao Dalai Lama, líder tibetano no exílio.

O decreto que atribui a medalha do Congresso ao Dalai Lama foi aprovado em 2006, com a maioria dos votos dos membros do Senado e da Câmara dos Representantes, e promulgada por George W. Bush.

A condecoração visa distinguir o Dalai Lama por advogar a harmonia religiosa, a não violência e os direitos humanos e por desenvolver esforços para uma solução pacífica da questão do Tibete através do diálogo com as autoridades chinesas.

A Medalha de Ouro do Congresso, a mais alta condecoração atribuída por aquele órgão, já foi concedida a individualidades como Winston Churchill, Papa João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá e Nelson Mandela.

Esta será a primeira vez que um presidente norte-americano estará ao lado do Dalai Lama numa cerimónia pública, o que poderá motivar uma reacção negativa por parte da China.

Bush já se encontrou várias vezes com o Dalai Lama na residência da Casa Branca em vez de o receber no seu gabinete, aparentemente para evitar críticas da China.

Quando a atribuição da medalha do Congresso foi aprovada, Pequim considerou que a iniciativa «enviou sinais errados muito graves às forças independentistas tibetanas, interferiu gravemente nos assuntos internos da China e afectou as relações sino-americanas».

A 23 de Setembro, Pequim criticou a chanceler alemã, Angela Merkel, por receber o líder tibetano.

Além de Merkel, o Dalai Lama também foi recebido este ano pelo chanceler austríaco, Alfred Gusenbauer, em Setembro, e pelo primeiro-ministro australiano, John Howard, em Junho.

Durante a sua deslocação recente a Lisboa, o líder espiritual tibetano não foi recebido pelo governo português, decisão que o executivo assumiu no contexto das boas relações com a China, mas encontrou-se com o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama.

«Estamos a assistir a uma tendência na qual os líderes mundiais estão a ficar conscientes de que é do seu próprio interesse encontrarem-se com o Dalai Lama apesar das objecções da China, porque afinal ele é um dos líderes mundiais», disse Kate Saunders, porta-voz da Campanha Internacional pelo Tibete.

Após a cerimónia da próxima quarta-feira, o Congresso norte-americano autorizou o Dalai Lama a discursar perante uma vasta audiência no Capitólio.

Bush, conhecido pelas suas convicções religiosas, apoia a ideia de um diálogo entre o Dalai Lama e Pequim. O 14º Dalai Lama Tenzin Gyatso, galardoado em 1989 com o Nobel da Paz, vive no exílio em Dharamsala, no norte da Índia, desde que fugiu do Tibete em 1959, depois da invasão chinesa.

A China considera o Dalai Lama um exilado político que pretende a independência do Tibete, acusação que o líder budista tem negado repetidamente, afirmando que apenas quer uma grande autonomia para o povo tibetano e o respeito pela sua cultura e religião.

«Deixei muito claro que não estamos à procura da independência (...). Devemos ter uma autonomia significativa e a vários níveis», explicou o líder budista a 13 de Setembro, em Lisboa, no final de uma audiência privada com a comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República.
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