Alemanha já não vai escavar túnel da I Guerra Mundial em França com centenas de corpos de soldados - TVI

Alemanha já não vai escavar túnel da I Guerra Mundial em França com centenas de corpos de soldados

  • CNN
  • Amarachi Orie e Nadine Schmidt
  • 18 fev 2023, 09:00
Mais de 200 soldados alemães morreram à entrada do túnel de Winterberg, em França, a 4 de maio de 1917. Créditos: Francois Nascimbeni/AFP/Getty Images

A 4 de maio de 1977, mais de 200 soldados alemães morreram à entrada do túnel de Winterberg, no nordeste da França

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Os restos mortais de mais de 200 soldados alemães, enterrados vivos num túnel no nordeste de França, durante a Primeira Guerra Mundial, não serão recuperados.

Em vez disso, o governo alemão decidiu declarar o local como memorial de guerra e colocá-lo sob proteção estatal.

A Volksbund, comissão alemã de túmulos de guerra, e o governo francês anunciaram a decisão no museu Caverne du Dragon, naquela região.

"Os esforços para alcançar os restos mortais, em 2021 e 2022, revelaram-se muito difíceis", disse uma porta-voz da Volksbund à CNN, acrescentando que houve “várias tentativas” para abrir o “muito profundo e longo” túnel, localizado numa reserva natural com "solo arenoso ainda contaminado com munições".

Embora a equipa franco-alemã tenha conseguido alcançar 64 metros de profundidade, "não encontrou quaisquer vestígios", disse o responsável.

Muitas batalhas da Primeira Guerra Mundial ocorreram entre as forças armadas francesas e as tropas alemãs posicionadas no Chemin des Dames, ou “Caminho das Damas”, um local entre dois vales.

A 4 de maio de 1917, durante uma das maiores batalhas da guerra, o exército francês disparava contra soldados alemães com artilharia pesada. Um projétil atingiu a entrada do túnel de Winterberg no Chemin des Dames, de acordo com a Volksbund.

Algumas das tropas alemãs, do 111.º Regimento de Infantaria da Reserva de Baden, fugiram para dentro do túnel, onde as munições armazenadas tinham explodido e fumos tóxicos estavam a ser libertados.

Os soldados criaram uma barricada para tentarem proteger-se dos gases nocivos até que fossem resgatados, mas os fortes bombardeamentos impediram que a ajuda chegasse até eles.

A entrada do túnel desabou durante o ataque e apenas três soldados de uma infantaria de mais de 200 foram salvos. Os outros sufocaram, morreram de sede ou suicidaram-se com um tiro. 

Ao longo dos anos, houve inúmeras tentativas - incluindo ilegais - para encontrar a entrada do túnel enterrado na floresta estatal de Vauclair, segundo a Volksbund.

Em maio do ano passado, mais de um século depois do acontecimento e após anos de trabalho, a Volksbund e os parceiros franceses fizeram perfurações precisas para confirmar a localização do túnel, descobrindo uma grande cavidade no subsolo, com o local da sepultura intacto.

A Volksbund, comissão alemã de túmulos de guerra, e os parceiros franceses confirmaram a localização do túnel de Winterberg em maio do ano passado. Créditos: Francois Nascimbeni/AFP/Getty Images

Ao designarem o local como memorial, as autoridades alemãs e francesas esperam dignificar e proteger o local de repouso dos soldados. "Isto garante que os soldados continuarão a descansar em paz", argumentou a Volksbund.

"Nos últimos anos e meses, temos cooperado com os nossos parceiros franceses com espírito de confiança", disse ainda Dirk Backen, diretor-executivo da Volksbund.

"Estamos muito gratos por isto - e estamos satisfeitos por podermos apresentar hoje uma solução conjunta", acrescentou.

Uma vez cumpridos os requisitos legais para um cemitério de guerra, o planeamento do memorial terá início, e o local poderá vir a ser inaugurado já no próximo ano, disseram as autoridades francesas e alemãs.

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