Eles querem Israel fora da Faixa de Gaza (e por isso ocupam as maiores universidades dos EUA) - TVI

Eles querem Israel fora da Faixa de Gaza (e por isso ocupam as maiores universidades dos EUA)

Violência e muitas detenções em onda de protestos que já chegou a cerca de 40 institutos superiores

Dezenas de campus universitários norte-americanos estão a ser palco de fortes protestos e de confrontos com a polícia, por parte de grupos de estudantes pró-palestinianos. Vários recintos universitários transformaram-se em acampamentos onde os estudantes permanecem para exigir o fim à guerra na Faixa de Gaza.

O movimento começou na Universidade de Columbia, onde mais de 100 alunos foram detidos, no dia 17 de abril. O incidente desencadeou uma onda de solidariedade em, pelo menos, 40 campus universitários por todo o país, incluindo Harvard. Apesar de a vasta maioria das demonstrações serem pacíficas, vários confrontos físicos entre os manifestantes e polícia têm vindo a registar-se. Centenas de alunos já foram detidos.

As exigências dos grupos manifestantes variam de escola para escola, mas há um tema comum: todos querem que as suas universidades acabem com os laços com empresas israelitas ou negócios que estejam “a lucrar” com a guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza.Muitos dos grupos de manifestantes exigem também que as suas instituições de ensino tornem pública a informação acerca dos seus investimentos e exige o fim da colaboração com universidades israelitas.

“Pedimos que a Universidade de Columbia retirasse todos os investimentos de empresas que lucram com o genocídio dos palestinos ou de empresas israelenses que lucram com a opressão dos palestinos”, conta à CNN uma aluna da universidade de Columbia, que não quis revelar a sua identidade.

Existe um precedente histórico que pode levar algumas universidades a ceder. Na década de 80, grupos de estudantes conseguiram convencer a Universidade de Columbia a desinvestir e cortar as suas ligações com o regime do Apartheid, na África do Sul.

Desde o incidente em Columbia, pelo menos seis acampamentos surgiram em universidades americanas. A Universidade de Northwestern, a Universidade de Cornell, a Universidade de George Washington, Universidade de Princeton, City College of New York e a universidade de Harvard, têm centenas de estudantes instalados nos seus recintos.

Mas a violência de entre grupos pró-palestinianos e a polícia tem vindo a intensificar-se ao longo da semana. Pelo menos, 100 estudantes foram detidos na noite de quinta para sexta-feira, na Universidade de Emerson, em Boston. Este cenário repete-se um pouco por todo o país. Na Universidade da Califórnia do Sul, dezenas de pessoas foram detidas na quarta-feira.

Entre os detidos não estão só alunos. Na Universidade de Emory, em Atlanta, Georgia, onde as polícia terá utilizado balas de borracha e gás lacrimogéneo contra os manifestantes, a professor Noëlle McAfee, chefe do Departamento de Filosofia, foi detida. Na mesma instituição, a professora de economia Caroline Fohlin foi detida.

A situação levou os manifestantes a acrescentar as reivindicações de uma “amnistia completa” a todos aqueles que foram detidos pelas autoridades e de acabar com o policiamento nos recintos universitários.

Mas nem todas as reivindicações estão relacionadas com boicotes a Israel e à paz na Faixa de Gaza. Na Universidade de Columbia, onde a onda de protestos se iniciou, os manifestantes exigem apoio aos habitantes de baixo rendimento de Harlem, com medidas que incluem oferecer habitação e reparações monetárias.

Um dos estudantes responsáveis por iniciar o movimento, Khymani James, está envolvido numa polémica, depois de um vídeo de janeiro ter vindo a público. Numa publicação de Instagram, o jovem afirmou que “os sionistas não merecem viver” e que estes deviam “estar gratos” por este não andar na rua “a assassinar sionistas”.

A polémica está a centrar o debate nos Estados Unidos sobre qual a verdadeira motivação por detrás destes protestos. Várias pessoas questionam se o movimento é movido por uma revolta sincera contra o sofrimento dos cidadãos de Gaza ou se é alimentado por antisemitismo.

Ao Congresso norte-americano, vários reitores comprometeram-se a tomar medidas rápidas e radicais contra potenciais ataques de ódio a estudantes judeus ou por ameaças antissemitas. Por outro lado, os estudantes pedem às lideranças das universidades para protegerem a sua liberdade de expressão.

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