“Ressuscitei 260 gajos”. O esquema de Carlos Eduardo Reis para adulterar eleições no PSD - TVI

“Ressuscitei 260 gajos”. O esquema de Carlos Eduardo Reis para adulterar eleições no PSD

A investigação ao processo Tutti Frutti suspeita que houve financiamento ilegal do PSD para as eleições internas de janeiro de 2018 e para a campanha autárquica de 2017. Nas escutas, foi possível ouvir o empresário e atual deputado Sérgio Azevedo falarem sobre a reativação de militantes e o pagamento de quotas no valor de dezenas de milhares de euros

“Temos de acabar de gastar dinheiro com pessoas que já morreram, só para a estatística, e pormos na base de dados de militantes que votem mesmo”, diz Pedro Neves a Nuno Vitoriano, ambos do PSD, em janeiro de 2018. É uma das várias escutas do processo Tutti-Frutti, sobre as quais a PJ tira conclusões: “Pagamento de quotas de militantes do PSD e a ‘angariação de militantes’ para as eleições internas do PSD em janeiro de 2018 (...) através de métodos não permitidos nos regulamentos e inclusivamente a suspeita de falsificação de fichas de militantes.” Em causa, na altura, a disputa pela liderança do partido, em que os suspeitos queriam uma vitória de Santana Lopes sobre Rui Rio através da adulteração das eleições.

À margem deste esquema estavam os dois candidatos à liderança – Pedro Santana Lopes e Rui Rio. Santana disse na altura não pretender “vencer por causas das quotas nem perder por causa delas”.

“Temos de recuperar militantes, reativando-os e pagando as quotas”, diz o deputado Sérgio Azevedo a Nuno Vitoriano, noutra escuta da PJ. Em dezembro de 2017, Carlos Eduardo Reis, então empresário e agora deputado do PSD, diz também num telefonema: “Está mesmo apertado, estamos quase a liquidar 750 quotas para o nosso lado. A verba é imensa”. O mesmo que acrescenta: “Já gastaram mais de 150 mil euros em quotas, mas ainda faltam 50 mil euros”. Segundo a investigação, tudo valia para a angariação de votos de militantes.

O atual deputado vai mais longe e, num telefonema para Miguel Peixoto, do PSD, em 18 de dezembro de 2017, diz: “Fui à sede nacional no dia 17 e ressuscitei 260 gajos. Paguei 700 quotas de cinco freguesias”.

Segundo a PJ, “o financiamento da campanha eleitoral do PSD de Barcelos para as eleições autárquicas de 2017, e a respetiva intervenção de Carlos Reis e de outros intervenientes através da emissão de faturas que não correspondem a serviços prestados”, foi outra das realidades.

Nessa altura, Carlos Eduardo Reis foi diretor de campanha da coligação PSD/CDS. Segundo a investigação, é suspeito de ter cometido crimes: em outubro desse ano, disse ao telefone: “A Bacelgráfica deverá emitir uma fatura a uma das minhas empresas para garantir o pagamento da dívida da campanha”. É uma das situações sob investigação no processo Tutti-Frutti.

Veja aqui todas as noticías e vídeos sobre o processo Tutti Frutti.

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