Valorsul sem capacidade para receber resíduos da Resioeste - TVI

Valorsul sem capacidade para receber resíduos da Resioeste

Ambiente

Ambientalistas querem provas sobre capacidade excedentária defendida pelo governo que quer fundir as entidades

Relacionados
A unidade de incineração da Valorsul não tem, na prática, capacidade excedentária necessária para receber resíduos da Resioeste, ao contrário do que argumenta o Governo para «forçar» a união entre as duas entidades.Esta é a denuncia feita por associações ambientalistas que se uniram numa plataforma para exigir explicações, avança a agência Lusa.

Numa carta enviada esta sexta-feira à Secretaria de Estado do Ambiente, a Plataforma da oposição à Fusão Valorsul-Resioeste pede esclarecimentos «sobre quais os dados que sustentam a opinião do ministério de que existe capacidade excedentária na unidade de incineração da Valorsul para receber resíduos da Resioeste».

As associações que defendem esta ideia e que integram a plataforma são a Quercus, a Associação de Defesa do Ambiente e do Património de Loures e o Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente.

O objectivo deste grupo é «desmontar» o argumento do Governo para justificar a fusão, realçando que tal capacidade excedentária «não existe na prática», tal como o demonstram «as grandes quantidades de resíduos passíveis de incineração (sempre superior a 130 toneladas) que, entre 2005 e 2007, foram enviadas para aterro».

O Ministério do Ambiente tem vindo a defender as «claras vantagens ambientais» da fusão entre os dois sistemas que

vão permitir diminuir a deposição de mais de 100 mil toneladas de resíduos em aterro por ano, bem como maximizar a capacidade de utilização das infra-estruturas da Valorusul e poupar dinheiro.

Visto que a tutela «não apresenta qualquer tipo de dados que provem a existência dessa capacidade excedentária», Pedro Carteiro, da Quercus, explicou que a plataforma foi buscar os números dos encargos da Valorsul, que mostram que «em 2006 um total de 569.823 toneladas de resíduos foram para incineração e 176.707 para aterro sanitário».

Já em 2007, os mesmos dados mostram que «474.487 toneladas de resíduos foram incinerados e 212.666 toneladas foram para aterro sanitário».

«A maioria destes resíduos são provenientes das câmaras que integram a Valorsul. São resíduos que à partida poderiam ser incinerados mas que não o são pelos simples facto de que o incinerador da Valorsul não tem capacidade suficiente», sublinhou o ambientalista.

Pedro Carteiro fez questão ainda de deixar «bem claro» que a plataforma «não está contra a fusão», mas contra a forma como está a ser apresentada pelo Governo sem «qualquer tipo de alternativas e onde nada se acrescenta: é apenas um somatório de um aterro da Resioeste e de um incinerador e aterro da Valorsul», apontou.

Os ambientalistas defendem ainda que os resíduos da região da Resioeste, deveriam passar, antes de serem enviados para aterro ou incineração, por um sistema de Tratamento Mecânico e Biológico, processo que «permitirá reciclar entre 60 a 80 por cento dos resíduos indiferenciados antes de estes serem encaminhados».

O conjunto de associações ambientalistas denuncia ainda que

o estudo técnico-económico da fusão que foi apresentado aos municípios da Resioeste «não considera todos os pressupostos». Os ambientalistas acusaram também o Governo de estar a «trabalhar com duas caras».
Continue a ler esta notícia

Relacionados