Qimonda: «Tudo pode acontecer» - TVI

Qimonda: «Tudo pode acontecer»

Trabalho

Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte diz-se «surpreso» com anúncio da falência da multinacional

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O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte (STIEN) manifestou esta sexta-feira «surpresa» com o anúncio da falência da multinacional alemã Qimonda e muita apreensão quanto ao futuro da fábrica do grupo em Vila do Conde, escreve a Lusa.

«Embora soubéssemos que a situação [da Qimonda AG] não era muito airosa, daqui até ao colapso achámos que ainda ia uma certa distância», afirmou o presidente do sindicato, Daniel Sampaio, em declarações à agência Lusa.

A porta-voz do Tribunal Administrativo de Munique Ingrid Kaps, confirmou esta sexta-feira que a fabricante alemão de chips de memória Qimonda AG declarou a falência, apenas um mês após ter recebido um empréstimo de emergência de várias centenas de milhões de euros.

O presidente executivo da Qimonda, Kin Wah Loh, afirmou à imprensa internacional que o pedido de insolvência da empresa visa fazer regressar a produtora de chips de memória a uma situação sólida, acelerando o processo de reestruturação.

Apesar de não ter ainda conseguido contactar a administração da Qimonda Portugal, Daniel Sampaio, que diz ter chegado «a alimentar alguma expectativa de que a queda da unidade alemã não arrastasse a fábrica portuguesa», confessa-se agora «cada vez menos» optimista. «Há aqui uma comunicabilidade muito grande entre a Qimonda alemã e a nacional e é de prever implicações muito negativas para Portugal». «Tudo pode acontecer».

Segundo o dirigente sindical, o STIEN «ficou esperançado» no futuro da Qimonda AG quando, há cerca de um mês, a multinacional recebeu uma injecção de 325 milhões de euros do governo da Saxónia, da accionista Infineon e da portuguesa Caixa Geral de Depósitos (CGD) para tentar travar a falência.

«O Governo português foi tão eufórico e sensacionalista que dava a ideia de que se tinha resolvido tudo». Contudo, acrescentou, «o que se esperava era que houvesse algum acompanhamento a par e passo, porque não basta atirar dinheiro para cima dos problemas».

«Esta empresa era a menina dos olhos do Governo português e [o seu encerramento] será uma grande perda para a economia e um problema acrescido para a Segurança Social, porque são mais de 2.000 trabalhadores que irão para o desemprego», sustentou Daniel Sampaio.

De acordo com o sindicalista, desde o anúncio de dificuldades da Qimonda AG, em finais de 2008, a unidade portuguesa tem vindo a reduzir o pessoal em Vila do Conde, «dispensando os trabalhadores que iam chegando ao fim dos seus contratos a termo». «Desde o final do ano até agora saíram cerca de 100».

Para o STIEN, «só muito dinheiro» poderá agora assegurar a viabilidade da multinacional alemã, «mas ninguém tem disponibilidade para isso, porque poderá ser arriscar demasiado».

«Os primeiro seis meses deste ano é que seriam os mais difíceis, depois seria mais fácil porque a unidade de investigação da Qimonda está a trabalhar em novos projectos».
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