Texto de Salazar sobre «política de verdade» em comício do PS - TVI

Texto de Salazar sobre «política de verdade» em comício do PS

José Junqueiro

José Junqueiro exige pedido de desculpas a Ferreira Leite por causa de «combinata» do caso das escutas a Belém. José Sócrates recusa «alimentar qualquer tipo de conspiração»

A passagem de José Sócrates pela Beira Alta terminou com um comício em Viseu. O discurso mais incisivo da noite, nas críticas ao PSD, foi o de José Junqueiro. O cabeça-de-lista pelo distrito citou um texto de Salazar sobre «política de verdade», leu um despacho do tempo de Manuela Ferreira Leite como ministra da Educação, que impedia os funcionários de prestarem declarações à imprensa, sem autorização prévia da tutela, e exigiu uma desculpa à líder social-democrata por causa da polémica das escutas a Belém, que classificou como uma «combinata».

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Numa tentativa de marcar diferenças entre os discursos do PS e a do PSD, Junqueiro leu um texto, «subordinado ao tema: Os problemas nacionais e a ordem da sua solução». «Represento uma política de verdade e de sinceridade, contraposta a uma política de mentira e de segredo. Advoguei sempre que se fizesse a política da verdade, dizendo-se claramente ao povo a situação do país, para o habituar à ideia dos sacrifícios que haviam um dia de ser feitos, e tanto mais pesados quanto mais tardios», citou assim, para depois interpelar a audiência.

«Eu sei o que é que vocês estão a pensar, que este é um discurso da dra. Manuela Ferreira Leite», disse, para depois revelar: «Este é um discurso que foi feito a 9 de Junho de 1928». Sem pronunciar o nome de Salazar, não deixou dúvidas sobre a autoria das palavras.

Depois de recordar o tempo em que Manuela Ferreira Leite ocupou o cargo de ministra da Educação e em que foi emitido em despacho que não permitia que os funcionários fizessem declarações aos meios de comunicação sem serem autorizados previamente, o cabeça-de-lista por Viseu entrou no tema das escutas a Belém. «Outros fazem políticas de casos e nós tivemos agora ocasião de ver como é que esses casos são construídos, como é que se monta uma combinata», atirou, com um recado: «Eu convidava Manuela Ferreira Leite. Paulo Rangel e Aguiar Branco a pedirem desculpa ao PS e ao primeiro-ministro».

Junqueiro visou ainda o Bloco de Esquerda, simulando uma entrevista com Francisco Louçã. «Está contra os PPR? Sim, estou! Mas compra? Compro! Está contra a bolsa de valores? Sim, estou! Mas joga? Sim, jogo!». «Não deitem fora os vossos votos, votem no PS, a única alternativa de esquerda», apelou depois ao voto.

José Sócrates, por sua vez, voltou a comparar a campanha do PS com as todos «outros «partidos», dizendo que os socialistas não optam pelo caminho do negativismo ou «maledicência» e, também ele, deixou escapar uma referência ao caso das escutas a Belém. «Não estamos nesta campanha para construir uma campanha de medo ou alimentar qualquer tipo de conspiração», disse.

José Sócrates realçou ainda o que considera ser a «marca deste PS». «Nós somos hoje em Portugal o referencial da estabilidade», disse.

Um dia na Beira Alta

O dia de campanha começou na Guarda, às 17:30, onde José Sócrates falou com os jornalistas à chegada, negando ter qualquer «pacto secreto» com o BE . Em seguida, durante num pequeno comício na praça da Sé, onde o cabeça-de-lista do distrito, Francisco Assis, acusou o PSD de «inventar factos» para suportar «asfixia democrática».



Notícia actualizada às 23:55
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