Ana Loureiro prostitui-se desde os 24 anos: «Um homem para mim, hoje em dia, não tem valor»

  • 14 jun 2022, 20:56

No «Goucha», ouvimos o testemunho de Ana Loureiro, uma mulher que é mãe e acompanhante de luxo, desde os 24 anos, e que dá a cara pela legalização da prostituição em Portugal.

Ana Loureiro admite que deixou de olhar para os homens com encanto, a partir do momento em que se prostituiu pela primeira primeira vez: «Já não olho para uma pessoa de idade como um avôzinho fofinho. É impensável depois de tudo o que eu vi. Um homem para mim, hoje em dia, não tem valor». Posto isto, Ana esclarece que só continua com a profissão, tal como a maioria das suas colegas, pelo dinheiro e revela ainda quanto é que ganha. «A prostituição não traz nada de bom» afirma Ana, porém confessa que sair deste mundo é difícil, porque se sai com um rótulo e as oportunidades de trabalho não existem ou são escassas. Neste sentido, Manuel Luís Goucha questiona «Sente que é respeitada enquanto mulher?», ao que Ana responde, afirmando que todos os dias luta pelo seu respeito.  

«Nunca se sente prazer, isto é um serviço. Olhamos para o cliente e só vemos dinheiro. Não se sente qualquer tipo de carinho», ouça aqui o testemunho de Ana Loureiro.

Para além de defender, Ana dá a cara pela legalização da prostituição em Portugal. O seu maior objetivo é sem dúvida tornar a prostituição uma atividade respeitada e legal, de forma a evitar que cada vez mais existam casas que albergam mulheres, sem as mínimas condições de higiene, habitabilidade e segurança. Atualmente, Ana gere duas casas de prostituição no centro de Lisboa e esclarece a sua conduta: «Eu dou alimentação, produtos de higiene, material de trabalho, casa, carinho e amizade». A nossa convidada conta que existem associações de apoio a mulheres que procuram abandonar o mundo da prostituição, mas que efetivamente, nenhuma destas é eficaz: «Quantas raparigas já saíram da prostituição com o apoio destas associações? Zero».

«Porque é que eu tenho de ter um papel na sociedade de “tapete”, onde toda a gente limpa os pés, e não posso ser uma cidadã normal, se ganho dinheiro com o meu trabalho?» questiona Ana. Para além disto, a nossa convidada confessa que se for detida, está na mesma “moldura” de alguém que bate, maltrata e obriga a ter relações sexuais

Recorde-se que Ana Loureiro iniciou-se no mundo da prostituição, aos 24 anos, quando se divorciou e se viu sozinha com dois filhos nos braços, sem contar com qualquer tipo de apoio. «Já estava há muito tempo a dar água e pão aos meus filhos. Pensei “Vou anular-me enquanto mulher e vou à luta”. Senti-me lixo várias vezes» revela. Neste sentido, Manuel Luís Goucha questiona Ana: «Como é vender o corpo e ter dois filhos?». Ana é assertiva e esclarece que, antes de iniciar esta luta pela legalização da prostituição, contou aos filhos toda a sua história da vida e pormenores acerca do seu trabalho: «Não se consegue esconder. Como é que se justifica a um filho trabalhar até tão tarde? (...) Eles percebem e têm orgulho na mãe que têm».

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