Um dos mais «assustadores cenários» descritos por Al Gore, na conferência que realizou hoje em Lisboa, foi o daquele que se seguiria ao degelo total da Gronelândia e os seus efeitos cartográficos. «Vamos ter de fazer novos mapas do planeta», se a região autónoma dinamarquesa se diluir no oceano, disse, explicando que a terra firme poderá desaparecer sete metros acima do nível do mar actual.
De acordo com os dados apresentados por Al Gore, seriam afectadas centenas de milhões de pessoas em todo o planeta, com algumas das maiores cidades do mundo, como Xangai ou Nova Iorque a serem engolidas pelas águas. Outro dado preocupante: «Se continuarmos assim o gelo do Árctico desaparecerá em 34 anos».
Citando palavras utilizadas por Winston Churchill, nos anos 30, face ao perigo do regime Nazi, Al Gore lançou um alerta: «A era do adiamento, das meias tintas, do expediente apaziguador e dilatório está prestas a terminar. Estamos numa época de consequências». O acelerado processo de extinção dos glaciares, o degelo, as secas, as cheias, a desertificação, a extinção das espécies e o aparecimento e o ressurgimento de novas doenças. Tudo isto foi apresentado como consequência do aquecimento global.
O exemplo de Portugal
Al Gore lamentou ainda que apenas os EUA e a Austrália sejam os únicos países do mundo não signatários do protocolo de Quioto e ainda o facto de não ter conseguido convencer o senado norte-americano a ratificá-lo, quando esteve no poder. Por outro lado, salientou que neste momento o ambiente está cada vez mais no centro das preocupações no seu país, revelando que 369 das suas cidades manifestaram o seu apoio a Quioto.
Quanto a Portugal, foi apresentado como um exemplo a seguir na implementação de energias renováveis, particularmente a eólica, e na progressiva autonomização relativamente às energias fósseis, definida pelo Executivo português.
O antigo governante norte-americano também denunciou as tentativas de relativização das conclusões científicas sobre o aquecimento do planeta, patrocinadas por lobbys governamentais, por companhias petrolíferas e pela indústria automóvel.
«É a primeira vez que a humanidade enfrenta uma ameaça global, por esta razão, a solução só virá o empenho de todos os países do mundo», defendeu.
E se o mar subisse sete metros?
- Hugo Beleza
- 8 fev 2007, 16:47
Al Gore alertou em Lisboa para os perigos do degelo da Gronelândia
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