Beber, conduzir e morrer - TVI

Beber, conduzir e morrer

  • Portugal Diário
  • Maria João Fernandes
  • 31 jan 2007, 00:40
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Mais de 30 por cento dos condutores mortos em acidentes de viação, em 2006, conduziam embriagados, revelam as autópsias. O consumo de bebidas foi também detectado em 28 por cento dos peões atropelados mortalmente

Em 2006, mais de trinta por cento dos condutores que morreram em acidentes de viação guiavam com taxas de álcool no sangue, revelaram as autópsias efectuadas. O álcool foi também detectado em 28 por cento dos peões que foram atropelados mortalmente.

Os dados constam do relatório anual do Instituto de Medicina Legal (IML) e foram apresentados, esta terça-feira, na Assembleia da República, pelo director-geral de Viação, Rogério Pinheiro.

Segundo o relatório, das 850 mortes na estrada em 2006, 496 eram os condutores dos veículos. Destes, 36 por cento apresentaram valores positivos nas análises de alcoolémia efectuadas após a morte.

O consumo de álcool foi também detectado em 28 por cento dos peões atropelados mortalmente, em 2006, revelou o director-geral de Viação, manifestando-se preocupado com uma situação considerada «pouco espectável». «Isto mostra que temos de dirigir as nossas acções para uma franja que não estávamos à espera», afirmou Rogério Pinheiro, mostrando-se «preocupado» até porque muitas vezes surge o «dilema de quem é que é responsável, se o condutor, se o peão».

O mesmo relatório revela ainda que 20 por cento dos passageiros dos veículos automóveis estavam alcoolizados. Taxas de alcoolémia positivas foram também detectadas em 30 por cento de desconhecidos, dos quais não se pôde identificar serem peões ou passageiros.

«Ainda há muito a fazer neste momento» revelou o director-geral de Viação, Rogério Pinheiro, no âmbito das campanhas de prevenção rodoviária, discutidas num debate sobre «Jovens e Álcool», no Parlamento.

Mais circulação, menos acidentes

Apesar dos resultados apresentados, Rogério Pinheiro salientou o decréscimo acentuado na sinistralidade rodoviária, em 2006, e considerou que actualmente «há um incremento muito grande da circulação e uma redução significativa dos números da sinistralidade».

O responsável atribui este facto à melhor qualidade dos veículos e das vias, mas também ao processo de consciencialização dos condutores sobre os perigos provenientes de uma condução sob efeito do álcool.

Rogério Pinheiro apontou os jovens como «protagonistas muito grandes da sinistralidade», com o álcool nem sempre na origem, mas como factor «potenciador de comportamentos de risco já associados a esta faixa etária». «Actualmente já se nota nos jovens uma maior preocupação em evitar acidentes durante os três anos de carta provisória».

«No entanto, não podemos cair na esparrela de ter um condutor sóbrio e três passageiros bêbados», rematou, ao explicar que esta situação é uma «componente de risco» para o condutor, que vê, desta forma, a condução condicionada.
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