Encontrada morta quatro meses depois - TVI

Encontrada morta quatro meses depois

  • Portugal Diário
  • 10 abr 2007, 16:01

Corpo de idosa foi transladado para Cabo Verde, mas urna foi trocada no avião

Uma doente com Alzheimer que tinha desaparecido no Montijo a 08 de Dezembro, foi encontrada no dia 16 de Março sem vida na zona do Passil, a cerca de quatro quilómetros do local onde tinha sido vista pela última vez.

«A GNR de Alcochete telefonou-me no dia 16 de Março, às 22:30, a dizer que tinham encontrado um corpo parecido com a minha mãe, fui ao hospital do Montijo e consegui reconhecer o corpo mas apenas pela roupa», disse hoje à Lusa a filha Maria da Luz de 51 anos.

Ao que tudo indica, terá sido uma pessoa que passava na quinta, que segundo a filha não parecia habitada, que encontrou o corpo e contactou as autoridades.

Bernarda Gomes, de nacionalidade cabo-verdiana tinha 72 anos, residia no Vale da Amoreira, concelho da Moita, sofria de Alzheimer e estava desaparecida há mais de quatro meses.

A situação aconteceu no dia 08 de Dezembro, pelas 17:30, num estabelecimento comercial situado na estrada nacional perto da entrada do Montijo, que visitou acompanhada por familiares e de onde saiu para nunca mais ser vista.

«Segundo a autópsia a minha mãe morreu de causas naturais. Ela tinha a ideia de ir para Cabo Verde e penso que ficou na quinta onde foi encontrada porque tinha algumas semelhanças com a sua antiga casa», explicou a filha.

A quinta onde o corpo foi encontrado situa-se no Passil, a cerca de quatro quilómetros do estabelecimento comercial onde desapareceu e o corpo apresentava-se já em elevado estado de decomposição.

«Penso que houve negligência das autoridades, porque se procurassem logo a minha mãe quando nós informamos do desaparecimento isto podia ter sido evitado. A família procurou durante muito tempo mas sem conhecer bem a zona era complicado», acusou.

Contactado pela Lusa, o comandante da Divisão do Montijo da GNR, tenente Ribeiro, garantiu que foram seguidos todos os procedimentos normais na situação, incluindo dezenas de buscas a pé e batidas com cães.

«Acompanhei o caso de perto e seguimos todos os procedimentos, se tivesse perto do local onde desapareceu teria sido encontrada, mas tal não se verificou. Até distribui pelos agentes a fotografia da senhora», adiantou.

O Comandante explicou que o alerta foi dado à GNR de Alcochete por um popular que sentiu um mau cheiro no local.

«Foi encontrada numa zona de silvas com difícil acesso, tivemos que levar máquinas para chegar ao local e a senhora faleceu no dia em que desapareceu ou no dia seguinte», anunciou.

O tenente Ribeiro referiu ainda que as autoridades receberam, nos últimos meses, várias informações falsas de pessoas que contactavam a família e diziam ter visto Bernarda Gomes em vários locais do país.

«A família contactava-nos a dizer que tinha informações que a mãe tinha sido vista em vários locais, mas quando as autoridades lá chegavam nunca se confirmou. A distância entre o local que desapareceu e o local onde foi encontrada é grande e é difícil que tenha ido a pé porque teria sido vista», salientou.

A filha Maria da Luz não esquece as circunstâncias em que a sua mãe terá falecido, sozinha, numa quinta em pleno mês de Dezembro. «Não consigo esquecer as circunstâncias em que a minha mãe deve ter morrido e isso revolta-me, mas foi esta a vontade de Deus», referiu.

O corpo foi transladado para Cabo Verde onde foi sepultado, mas nem nessa altura a família teve alguma paz de espírito.

«Como não existem voos directos para São Vicente fomos para o Sal, mas quando trocamos de avião o corpo foi trocado e em São Vicente reparamos que a urna era de um homem e não da minha mãe», explicou.

Depois de algumas horas e diversos telefonemas, a situação foi resolvida e o corpo de Bernarda Gomes foi enterrado.
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