Al Gore: o homem «inconveniente» - TVI

Al Gore: o homem «inconveniente»

Conferência de Al Gore em Portugal (LUSA/ ANTONIO COTRIM)

O diagnóstico não é simpático nem animador: o planeta está prestes a desintegrar-se. E os cenários possíveis assustam: cidades engolidas pelas águas, secas, cheias, doenças. Mas ainda há esperança, diz o ex-vice-presidente dos EUA

O antigo vice-presidente dos EUA Al Gore lançou esta manhã, em Lisboa, um apelo ao empenho de todos os países do mundo para salvar o planeta das consequências «catastróficas» do aquecimento global. «Só falta a vontade política, mas a vontade política é um recurso inesgotável», sentenciou no final, a transfiguração ambientalista do homem que esteve sentado durante oito anos ao lado de Bill Clinton, na Casa Branca, e que nos últimos seis se tem dedicado a alertar o mundo para a destruição do planeta.

Talvez não existisse na capital portuguesa um local mais adequado do que o Museu da Electricidade para o ex-governante norte-americano apresentar uma versão ao vivo e actualizada do seu documentário «Uma Verdade Inconveniente». As cerca de 700 pessoas que foram convidadas para estar no auditório montado dentro do antigo edifício de tijolo, foram confrontadas com o diagnóstico de um planeta, em ebulição crescente, prestes a desintegrar-se. Para Al Gore, a doença, tem apenas uma causa, que é também a sua única cura possível: o ser humano. «Somos a maior força da natureza», sublinhou.

O discurso foi montado com a precisão emocional de um entertainer de Hollywood, mas Gore (quase) nunca deslizou na «inconveniencia» do seu argumentário para além dos limites que um académico de Oxford acharia convenientes. «Esta não é uma questão política, é uma questão moral», referiu a dada altura. Contudo, além deste quase «desabafo», nunca se permitiu um apelo à mudança, sem o suporte de uma bateria de gráficos, imagens, e estudos científicos que foram projectados nas telas brancas suspensas do tecto do museu.

A oportunidade de uma crise



Apesar da visão catastrófica apresentada, Al Gore fez questão de sublinhar que esta «crise» é também uma «oportunidade de alterar comportamentos» e de mudar os paradigmas económicos actuais, que, segundo ele, se baseiam no consumo desregrado dos recursos do planeta.

Para o ex-governante, economia e ambiente não são dois conceitos que incompatíveis. Mas, antes, sob uma visão alternativa, uma porta aberta para novas oportunidades de crescimento sustentável, que tem que ser atravessada.

«Vamos dizer às gerações futuras que dava demasiado trabalho? Que era demasiado difícil? Que não nos importámos?», questionou.
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