Quase meio século depois é importante dizer que José Mojica Marins, agora com 72 anos, não se «enterrou» no regresso do «Zé do Caixão». A 2ª edição do MOTELx viveu o seu grande momento, com a apresentação do filme «Encarnação do Demónio», que encerrou a trilogia do personagem do terror.
Com o próprio «Zé do Caixão» na plateia, o cinema São Jorge lotou de fãs do terror para ver o regresso do mestre brasileiro. E o próprio filme traz à memória as duas primeiras obras de «Zé do Caixão», com vários flashbacks inseridos no meio da longa-metragem. Esta foi a maneira usada por José Mojica Marins para não deixar «morrer» a primeira parte da trilogia e fê-lo de maneira muito inteligente e eficaz.
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O preto invadiu o São Jorge, numa noite especial para os amantes do cinema do género. Vestiram-se a rigor com roupa preta e saudaram de pé o mestre, que não desiludiu ao surgir vestido de «Zé do Caixão», com a capa preta e o chapéu característicos, para gáudio de todos.
Demorou 42 anos a voltar à personagem, mas Zé do Caixão, embora mais velho, aparece igual a si próprio. A postura do actor mantém-se linear ao longo da produção. O filme em si parece dividido por alguns picos de terror. Tal como Zé do Caixão havia contado em entrevista ao IOL Cinema muitas das cenas do filme são reais, o que «agarrou» a plateia.
Pessoas penduradas por ganchos, três mil baratas reais e bocas cosidas são «mais-valias» numa produção que leva ao limite a violência e o sadismo.
O argumento do filme, alterado dezenas de vezes até à última versão, mostrou inteligência na forma como foi gerido o regresso do personagem, após ter estado preso e o realizador encontrou um final consensual para Zé do Caixão, respeitando à risca a história da personagem.
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«Encarnação do Demónio» é, acima de tudo, um filme de insistência e promete tornar-se num marco do terror brasileiro, especialmente pelos contornos aos quais está associado.
Outro dos pontos fortes do filme é a presença de actores como Milhem Cortaz, Helena Ignez e Luiz Melo que, apesar er terem participações menos directas, dão uma enorme segurança e consistência à longa-metragem.
O MOTELx prossegue esta sexta-feira com a exibição de vários filmes e curtas-metragens, com destaque para «Animal, El Documental», de Angel Mora, que aborda as humilhações às quais os touros são submetidos.
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