Já fez LIKE no TVI Notícias?

Saldos: desemprego ensombra negócio

Relacionados

Época de saldos fechou em terreno negativo. Houve muito passeio mas pouco consumo. «Quadro é assustador». Mais de 700 empresas já encerraram portas desde o início do ano

A corrida aos centros comerciais ou às lojas de bairro para ir aos saldos já não é o que era. Os números do desemprego revelados pelo Eurostat, no início desta semana, podem explicar uma parte do problema. Em Portugal, mais de 580 mil pessoas não têm trabalho. Logo, há menos poder de compra e quem paga, pela falta de dinheiro dos portugueses, são os comerciantes. Mesmo com saldos mais apetecíveis.

A época de saldos de Inverno começou logo a «arrasar». Promoções de 50% e 70% contrariaram a velha tendência de começar com ofertas mais «tímidas» de 20% ou 25%.

PUB

Sem surpresas, a «enorme concorrência comercial, dispersão, desemprego e práticas leais mas agressivas por parte das grandes redes de distribuição» culminaram em quebras nas vendas, apesar dos preços convidativos, explicou o vice-presidente da União de Associações de Comércio e Serviços, Vasco de Mello, à Agência Financeira.

Vendas agressivas e práticas desleais no rol de queixas

A agressividade subjacente à concorrência em época de saldos é consensual. «Fecharam mais de 700 empresas no início do ano. O quadro é assustador. Os centros comerciais praticam políticas agressivas, com descontos muito elevados. O grande problema está na liquidez e na indisponibilidade financeira para comprar, seja em grandes superfícies, seja no comércio de rua. A crise é transversal a todos», alertou o Presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Nuno Camilo.

PUB

75% dos comerciantes registaram redução de vendas

Nem mesmo as promoções que antecederam os saldos lograram melhores resultados. Os stocks continuaram por escoar. E o Inverno rigoroso que tem atravessado o país pode ser um pau de dois bicos: «Pode atrair mais pessoas às compras de gabardines, botas ou casacos. Não me parece que o clima traga dificuldades para os centros comerciais, mas para o comércio de rua sim. Há menor mobilidade com a chuva e maiores dificuldades de estacionamento, principalmente em Lisboa. Apesar de, mesmo assim, haver bastante tráfego nas zonas de comércio tradicional, o que acontece é que as pessoas passeiam, mas não consomem», adverte Vasco de Mello.

O balanço da zona de Lisboa revela que 75% dos comerciantes registaram uma redução de vendas, 8% aumentaram e os restantes mantiveram, segundo as informações prestadas pelo vice-presidente da União de Associações de Comércio e Serviços à AF.

Nova Lei dos saldos prejudica vendas

PUB

Os sectores do vestuário e do calçado são os mais afectados pela quebra nas vendas. No Norte do país, a situação é a mais crítica. Os saldos não se traduziram num entra e sai das lojas com sacos de compras nas mãos. «A maior taxa de desemprego do país, a indisponibilidade financeira e o baixo poder de compra ditaram este cenário», explica Nuno Camilo, considerando que «há uma maior contenção e rigor nas compras que os consumidores efectuam. Já não compram por comprar. Só compram em caso de necessidade».

O presidente da Associação de Comerciantes do Porto entende que é «desagradável» os saldos começarem a 28 de Dezembro. «Se a 23 alguém compra um vestido por 100 euros, passados quatro dias, se não gostar, pode ir trocá-lo e comprar dois pelo mesmo preço».

O resultado? « O investimento para o consumidor tem assim um retorno a duplicar. Embora o dinheiro gasto no Natal tivesse sido elevado, isso não significou escoamento de stocks. Há sim uma saída de duplicação, mas para as trocas».

Os portugueses estão a apertar o cinto e já não comemoram como antes um segundo Natal, fora de época. Nem os cartazes vermelhos das lojas com a inscrição «SALDOS» fazem despejar os bolsos dos consumidores. «As pessoas encurtaram as listas de compras à escala. Menos prendas, menos bens de consumo». Mas o passeio, esse, continua.

PUB

Relacionados

Últimas