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Cortiça: trabalhadores em greve pela primeira vez em 15 anos

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Em causa aumento de salários. Pedir 60 cêntimos de aumento por dia é «razoável»

Os trabalhadores da indústria corticeira estão esta quinta-feira em greve pelo aumento de salários e fazem-no pela primeira vez em 15 anos, concentrando-se junto a várias empresas de Santa Maria da Feira e à sede da Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR).

Alírio Martins, coordenador do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, disse à Lusa que «há 15 anos» que não estavam em greve e só o fazem «porque chegamos a um ponto em que estamos encostados entre a espada e a parede».

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O responsável sindical refere que as negociações com o patronato estão a ser conduzidas pela APCOR e explica que a associação só está disponível para aumentos até 22 cêntimos por dia, enquanto os operários reivindicam 60 cêntimos.

«A APCOR diz que não tem margem para negociar mais, mas é evidente que sabemos que tem, porque conhecemos muito bem o sector», declara Alírio Martins. «Não aceitamos que a APCOR seja comandada por um grupo que é líder mundial [Amorim] e que, de certa forma, até é culpado por outros grupos desta área terem entrado em decadência nos últimos anos».

Quanto à generalidade da indústria corticeira, o coordenador do Sindicato realça que «este ano toda a tiradia de cortiça no Alentejo foi feita» e que mesmo a que não foi removida o ano passado acabou por sê-lo agora.

«Quando se investe em cortiça, não há ninguém que a tenha parada num estaleiro», explica Alírio Martins. «Hoje em dia ela é muito cara e ninguém a compra para perder dinheiro, portanto está-se a antever uma boa campanha de cortiça - nós sabemos isso e eles também».

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O dirigente sindical considera, por isso, que pedir 60 cêntimos de aumento por dia é razoável: «Que ninguém nos diga que, numa pequena empresa com 10 ou 20 trabalhadores, dar um aumento de 18 euros por mês a cada um pesa muito ao fim do ano. Nenhuma empresa vai cair em decadência ou encerrar por causa disso e parece-nos, nas negociações, que se estão a aproveitar da boleia do estado em que está o país».

Para Alírio Martins, a confiança na APCOR está posta em causa porque «neste momento ela tem uma direcção que não representa a realidade do sector e negoceia com base num entendimento com alguns, em detrimento de um todo».

«Convém não esquecer que nos próprios temos alguns pequenos patrões da cortiça a queixarem-se de situações em que a APCOR descrimina», observa o dirigente sindical, explicando que em causa estão sobretudo dois factores: «o modo como a associação atribui alguns fundos e o modo como tenta abafar parte dessa indústria e o facto de parte dela estar a ser transformada em indústria de serviços prestados».

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