O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, disse esta sexta-feira que não é possível «esconder» a difícil situação que o país está a atravessar, defendendo o papel do voluntariado para ultrapassar o período de crise.
«Vamos atravessar um período muito difícil na sociedade portuguesa, não vale a pena esconder», disse Carlos Costa, numa intervenção em Lisboa no 15.º aniversário da Associação dos Amigos do Hospital de Santa Maria (AAHSM), de que faz parte.
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Para o Governador, a crise é «também o tempo em que o movimento voluntário se põe à prova», pelo que esta é a oportunidade ideal para este crescer.
O regulador alertou, citado pela Lusa, para a necessidade de o voluntariado se institucionalizar, tornando-se mais organizado, uma vez que as «iniciativas individuais desaparecem com o indivíduo».
É necessário transformar «o esforço individual em esforço colectivo», reiterou.
Carlos Costa citou o economista escocês do século XVIII Adam Smith para concordar que a divisão do trabalho é condição essencial para o crescimento, considerando que ou o voluntariado reforça a sua organização ou não passará de «uma congregação de boas vontades».
O Governador apelou ainda aos reformados para se dedicarem ao voluntariado. «Vivemos numa sociedade de consumidores, de acontecimentos, em vez de produtores. O voluntário tem a possibilidade de passar do sofá para a vida onde intervém e produz acontecimentos», afirmou Carlos Costa, acrescentando que «a melhor maneira de ser feliz é ser produtivo».
Referindo-se em específico à AAHSM, Carlos Costa defendeu que este projecto, que completa 15 anos, é fundamental e que o voluntário pode ser dos melhores aliados dos profissionais de saúde na estabilização psicológica dos doentes.
«Um doente é um homem perdido, fragilizado, por mais poderoso que seja quando entra no hospital», atirou.
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