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Portugal com mais dificuldades em financiar-se este semestre

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Analistas dizem que taxas de juro que Portugal paga quando emite dívida pública podem voltar a agravar-se sobretudo se BCE retirar estímulos «artificiais» e mercados desconfiarem das execuções orçamentais

As taxas de juro que Portugal paga quando emite dívida pública têm-se mantido baixas graças à intervenção do Banco Central Europeu. Ainda esta quarta-feira o Estado colocou no mercado mais de 1.500 milhões de euros de dívida, uma operação em que os juros subiram na dívida a 12 meses e ficaram mais baixos na maturidade a 3 meses. Só que os analistas dizem que as taxas de juro podem voltar a agravar-se no segundo semestre.

«Nas maturidades mais longas já se nota que o mercado começa a considerar que, num enquadramento a médio prazo de aproximação da taxa de inflação aos 2%, o BCE possa retirar os estímulos artificiais e isto se note nas taxas de financiamento solicitadas para colocação de dívida soberana», explicou Bruno Costa, operador de mercado da Go Bulling (corretora do Banco Carregosa) à agência Lusa.

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A rentrée no segundo semestre será fundamental para avaliar a reacção dos mercados: «Estamos em Agosto, não sabemos como é que os mercados vão regressar em Setembro e Outubro, como é vão olhar para execuções orçamentais, se vai continuar a haver desconfiança», afirmou o economista da IMF-Informação de Mercados Financeiros, Ricardo Marques.

Estado emite mais de 1.500 milhões de euros de dívida

Recorde-se que os juros da dívida soberana começaram a agravar-se logo no primeiro trimestre com o aumento do risco de incumprimento dos países periféricos da Zona Euro e à subida dos custos de financiamento (juros de dívida). Para se ter uma ideia, a taxa de juro para colocação de dívida pública portuguesa atingiu quase 3% num leilão a seis meses, no dia 5 de Maio.

Ainda naquele mês, o Banco Central Europeu decidiu comprar dívida pública no mercado secundário com o objectivo de estabilizar os mercados financeiros. Esta intervenção «ajudou a baixar as taxas, que agora estão a um nível ligeiramente artificial. Se o BCE não tivesse comprado dívida, eventualmente as taxas estariam acima ou idênticas aos valores máximos registados este ano», explicou Bruno Costa.

O leilão de dívida a 12 meses levado a cabo esta quarta-feira mostrou «uma nova alta dos custos para o Estado português», com uma taxa de juro média de 2,727%, mais de 30 pontos base acima do leilão com a mesma maturidade de 4 de Agosto, e acima do juro de 1,83% conseguido por Espanha numa emissão de dívida semelhante realizada ontem, terça-feira. Quanto à operação a três meses, o juro de 0,994% ficou abaixo do de 1,861% conseguido a 2 de Junho, o que leva o economista Ricardo Marques a considerá-la uma emissão de dívida «bastante bem sucedida».

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