O presidente da Comissão Europeia escusou-se esta terça-feira, em Estrasburgo, a comentar as declarações do primeiro-ministro, José Sócrates, que acusou Bruxelas de ter «posições ideológicas ultraliberais», a propósito da «golden-share» na Portugal Telecom.
Questionado, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, sobre o recurso do Estado português à «golden-share» na PT para inviabilizar a compra da brasileira Vivo pela espanhola Telefónica e sobre as declarações de Sócrates sobre a ideologia «ultraliberal» da Comissão Europeia nesta matéria, José Manuel Durão Barroso foi repetindo, perante a insistência dos jornalistas, que não iria fazer declarações, remetendo para a posição já assumida pela Comissão.
PUB
«Não vou fazer mais declarações agora. A Comissão Europeia já exprimiu a sua posição», limitou-se a dizer o presidente do executivo comunitário.
Na semana passada, a Comissão Europeia, pela voz do comissário para o Mercado Interno, Michel Barnier, reiterou que, na sua opinião, os direitos especiais do Estado português na Portugal Telecom são «uma restrição injustificável ao princípio da livre circulação de capitais» na União Europeia.
A Comissão, que apresentou queixa contra Portugal perante o Tribunal de Justiça da União Europeia, indicou que aguarda pelo acórdão sobre os direitos especiais («golden-share») do Estado português na PT, agendado para quinta-feira, para tomar medidas.
Após a reunião da assembleia-geral da PT, José Sócrates, numa entrevista concedida quinta-feira à noite ao jornal «El Pais», e publicada domingo, defendeu a decisão de usar a «golden-share» para vetar a compra da participação da PT na Vivo pela espanhola Telefónica, e acusou a Comissão Europeia de manter nesta matéria «posições ideológicas ultraliberais».
PUB