A revolta tomou conta das ruas de Chicago esta terça-feira, depois da divulgação de um vídeo que mostra a morte de um jovem negro, baleado 16 vezes por um polícia branco. Centenas de pessoas protestaram contra a discriminação racial com cordões humanos e palavras de ordem: "16 tiros", gritou repetidamente a multidão. Horas antes, um dos polícias envolvidos na morte do jovem foi acusado de homicídio em primeiro grau.
O vídeo, com quase sete minutos, remonta ao ano passado, mais precisamente à noite do dia 20 de outubro. Laquan McDonald, de 17 anos, é confrontado, numa rua de Chicago, com dois polícias armados. Caminha no meio de duas vias, com aquilo que parece ser uma faca, quando os polícias apontam as armas na sua direção. É alvejado e cai no chão. Fora do enquadramento, a polícia continua a disparar sobre o corpo do jovem, esse bem visível, caído na estrada. A autópsia revelou que o adolescente foi baleado 16 vezes.
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Foi o próprio tribunal que ordenou a divulgação do vídeo, esta terça-feira. Antes disso, informou que Jason Van Dyke, um dos polícias envolvidos na morte do jovem, tinha sido acusado de homicídio em primeiro grau.
Nos documentos relativos ao caso, o tribunal descreve o conteúdo do vídeo, sublinhando que, durante cerca de 15 segundos, o oficial - Jason Van Dyke - descarregou a sua arma, disparando sobre o adolescente, enquanto este permanecia deitado no chão, com os braços e as pernas a balançar devido ao impacto dos tiros.
A polícia defendeu-se do caso, dizendo que o jovem negro tinha recusado largar a faca que tinha na mão. No local, estavam cerca de oito agentes e o vídeo mostra dois deles a apontar as armas na direção de McDonald.
Van Dyke foi o único acusado de homicídio pois, segundo o tribunal, foi o único que disparou todas as suas balas contra o jovem negro.
Horas depois de ter sido conhecida a acusação do polícia e de o vídeo ter sido publicado, as pessoas começaram a sair para as ruas de Chicago em protesto.
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As autoridades locais depressa condenaram as ações de Van Dyke e tentaram acalmar os ânimos, apelando à calma da população.
"As pessoas têm razão para estarem zangadas. As pessoas têm o direito de protestar. As pessoas têm o direito de ter liberdade de expressão, mas não têm o direito de cometer atos criminosos", disse o responsável da polícia, Garry McCarthy.
Nos Estados Unidos, as tensões raciais e os incidentes que daqui decorrem têm mobilizado a população e deixado as autoridades norte-americanas debaixo de fogo. O caso de Ferguson no ano passado, por exemplo, tornou-se tão mediático quão simbólico neste combate à discriminação. Recorde-se que os protestos de Ferguson aconteceram após a morte de Michael Brown, um jovem negro, baleado por um polícia branco.
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