A procuradoria francesa incumbiu esta segunda-feira a Inspecção-Geral da Polícia (IGPN) de realizar um inquérito por «homicídio involuntário e não assistência a pessoas em perigo», na sequência da morte de dois jovens cuja moto colidiu com um carro policial, refere a Lusa.
A morte dos dois adolescentes originou domingo à noite uma onda de distúrbios violentos em Villiers-le-Bel, nos subúrbios de Paris, onde vários edifícios foram incendiados e polícias ficaram feridos.
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Durante seis horas de violência, grupos de jovens assaltaram ou incendiaram lojas, oficinas e postos policiais.
No total, 25 polícias e um bombeiro ficaram feridos durante os distúrbios e, pelo menos, 30 viaturas, duas garagens, dois postos policiais e várias lojas foram incendiadas.
No acidente que deu origem aos distúrbios de domingo à noite, os dois jovens, de 15 e 16 anos, que seguiam numa motorizada, morreram na sequência de uma colisão com um veículo da polícia, em circunstâncias ainda desconhecidas.
Os polícias argumentam que o acidente foi motivado pela falta de cedência de prioridade pelos dois jovens num cruzamento, enquanto que o veículo policial circulava «à velocidade regulamentar».
Testemunhas afirmaram que os dois jovens, que acabariam por morrer, não usavam capacete de protecção.
O irmão de uma das vítimas expressou, entretanto, a sua vontade de «que todos os polícias responsáveis (pelo acidente) sejam condenados».
«Foi um acto de não assistência a pessoa em perigo», sublinhou, uma vez que, segundo ele, os polícias em causa «não permaneceram no local» após a colisão.
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A onda de violência e revolta que se seguiu ao acidente ocorreu dois anos depois de três semanas de motins na periferia pobre de Paris, onde a maioria da população tem origens africanas e onde a taxa de desemprego nos jovens atinge os 50 por cento.
Há dois anos, os distúrbios seguiram-se à morte de dois jovens por electrocussão, após terem procurado refúgio junto a um transformador eléctrico para escaparem a uma perseguição policial.
Na altura, centenas de pessoas ficaram feridas e mais de 10.000 veículos e 30 edifícios foram incendiadas.
O governo francês deve anunciar, no início de 2008, uma espécie de «plano Marshall» para os subúrbios empobrecidos.
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