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"É escandaloso que TAP seja vendida por valor inferior às contratações de futebol"

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António Costa considera que Governo conduziu processo com “suspeitíssimo secretismo”

O secretário-geral do PS insistiu que o partido “não ignora a delicadíssima situação financeira em que a TAP está”, mas reafirmou a defesa de privatização parcial (de 49%) da empresa, até porque “isso permitia cumprir as regras comunitárias”, e o PS considera “que é do interesse nacional que pelo menos 51% do capital fique na esfera pública”.

O secretário-geral do PS, António Costa, disse esta sábado que o Governo conduziu o processo de privatização da TAP com um “suspeitíssimo secretismo”, escondendo da opinião pública “dados essenciais”, mas afirmou-se tranquilizado por Bruxelas ainda ir avaliar o negócio.

“Verdadeiramente, ninguém sabe como é que estão formados os consórcios, qual é a sua base, e o Governo tem procurado esconder da opinião pública dados essenciais para avaliação desse negócio. Eu não faço juízos de intenções, e tenho que presumir obviamente que o Governo de Portugal aja de acordo com a legalidade, mas dá-me tranquilidade que a Comissão Europeia diga que vai investigar bem e que vai verificar se foram ou não foram cumpridas as regras”, disse, em Budapeste, à margem de um congresso dos Socialistas Europeus.

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Em declarações a jornalistas, António Costa acusou ainda o Governo de não só não ter procurado um acordo com o PS, como ter usado a TAP como “um fator de confrontação”, e considerou “escandaloso que a TAP tenha sido vendida por um valor inferior às das contratações dos mercados de futebol”.

"O Governo pode-se queixar de tudo; agora, não se pode queixar nem que o PS não tenha procurado ter uma posição construtiva, nem que o PS tenha recusado qualquer acordo. A única coisa que podemos constatar é que o Governo não só não fez o menor esforço para haver um acordo, como eu, pessoalmente, estou convencido que quis mesmo que a TAP fosse um fator de confrontação. Bom, se o quis, provavelmente será um fator de confrontação. Mas é mau para o país que assim seja, porque a TAP não é uma companhia qualquer", cita a Lusa.

Reiterando que considera, “no mínimo, lamentável que este Governo tenha definido como prioridade deste termo de mandato a privatização a todo o vapor de um conjunto de setores estratégicos que receavam que não pudessem ser privatizados após as eleições”, António Costa rejeitou também qualquer "incoerência" do PS nesta matéria.

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Depois de, na sexta-feira, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, ter recomendado “alguma coerência” aos socialistas, recordando que o PS defendeu a privatização da TAP quando era Governo, incluindo-a mesmo no memorando com a ‘troika’, António Costa argumentou hoje que não se pode comparar diferentes contextos.

“Nós não podemos comparar o quadro de há 20 anos atrás com a situação hoje, nem sequer é possível evocar aquilo que constava do memorando de entendimento”, disse, apontando que o memorando “previa um conjunto de privatizações” com objetivo de se alcançar quatro mil milhões de receitas com privatizações, e, “sem vender a TAP”, o Estado já arrecadou “mais que o dobro” desse montante.

Criticando ainda o valor pelo qual a companhia aérea foi vendida, abaixo de transferências no futebol - em nova alusão dos socialistas ao facto de o preço pago pelo consórcio Gateway ser inferior ao que o Sporting paga pelo antigo treinador do Benfica, Jorge Jesus -, António Costa considerou que tal se deveu em grande medida à atuação do Governo.

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“Ao longo de meses, em vez de procurar valorizar a TAP, puxar pelo valor da TAP, andou a multiplicar-se a desvalorizar o seu valor”, com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, e o ministro da Economia, António Pires de Lima, “todos os dias quase a dizer que até pagavam para alguém ficar com a TAP”, vincou.

“Ora, como podiam vender decentemente a TAP se o próprio vendedor se esforça por dizer que não vale nada?”, questionou.

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