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Mugabe paga a manifestantes

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Enquanto na cimeira UE-África o líder do Zimbabué domina as atenções, do lado de fora uma pessoa foi hospitalizada, quatro detidas e um agente foi agredido. Ouça a entrevista de portugueses que dizem ter sido pagos para apoiar Mugabe, que apareceu na primeira fila da foto de família Como se resolvem os problemas de África?

Pelo menos quatro homens foram levados pela polícia e um outro hospitalizado em consequência das manifestações que se juntaram à porta da cimeira UE/África. Os indivíduos manifestavam-se todos a favor do líder líbio, Muammar Kadafhi, e do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe. Um deles agrediu um agente à paisana, que ficou ferido num olho. Entre a «guerra» de cartazes e palavras, ficou-se a saber que entre os apoiantes deste último líder africano, havia portugueses pagos.

Enquanto no interior da Gare do Oriente se ouviam sons andinos de um grupo de vendedores ambulantes, na praça exterior à estação, que desemboca para o Parque das Nações, o som diluía-se numa batalha de protestos.

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De um lado, uns duzentos apoiantes de Mugabe e Kadhafi. Do outro umas cinquenta pessoas denunciavam as alegadas atrocidades cometidas por estes polémicos líderes políticos. Entre os dois blocos um grupo de estudantes portugueses manifestava-se pelos direitos humanos e, ao seu lado, várias pessoas chamavam a atenção para a violação destes em Cabinda.

Quatro detenções e uma agressão a um polícia

A meio da manhã estalava a confusão, com um apoiante do líder líbio a correr em direcção ao grupo oposto e a rasgar um cartaz. Seguiu-se uma breve escaramuça, que se saldou em pelo menos um ferido, que teve de receber tratamento no hospital Curry Cabral, segundo apurou o PortugalDiário.

Pouco depois, um apoiante de Mugabe era levado para um dos veículos, pelos agentes, depois de ter insultado o grupo dos que se opunham ao líder africano e quase ter chegado a confrontar-se com eles. Um jornalista de uma rádio independente do Zimbabué, que opera a partir de Londres, explicou ao PortugalDiário que estava a entrevistar o jovem antes dos ânimos se terem exaltado.

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Pouco depois, era a vez de dois apoiantes de Kadhafi serem levados. Os dois homens estavam a tentar violar permanente a barreira de segurança, de forma a provocar os opositores do líder líbio.

Um quarto homem seria ainda detido. O manifestante pró-Kadhafi agrediu um agente policial à paisana na cara, provocando-lhe ferimentos na zona inferior ao olho direito, constatou o PortugalDiário no local. O indivíduo ainda tentou a fuga, escapando para dentro do centro Vasco da Gama, mas um grupo do corpo de intervenção travou-o. O homem foi inicialmente levado numa das carrinhas, mas acabou por ser transferido para um veículo à paisana.

Guerra de palavras

Apesar deste incidentes, o confronto foi durante maior parte do tempo de palavras. «O líder Muammar Kadafhi é o método e o pensamento dos pobres a caminho da liberdade e da felicidade», lia-se num cartaz, com a fotografia do líder líbio. «O Zimbabué nunca será uma colónia novamente», ostentava outro com a imagem de Mugabe.

A uns trinta metros, as mensagens eram diametralmente opostas. Os líderes louvados de um lado eram considerados criminosos e acusados de violarem os direitos humanos e submeterem os seus países ao peso de ditaduras. Hassan El-Amir, um líbio de 49 anos e editor de um sítio na Internet sobre o tema, explicou ao PortugalDiário que muitos compatriotas seus se vêem obrigados a fugir do país e disse que entre os manifestantes do outro lado, muitos eram pagos e outros simplesmente obrigados a estarem ali. «Há estudantes universitários que se não se manifestarem as bolsas são-lhes cortadas», assegurou. Do outro lado, esta versão era negada.

Pouco depois das 13h00, os apoiantes dos líderes africanos quase que desapareceram. Ficando apenas um pequeno grupo com tarjas de Mugabe na mão. Perante a estranheza de falarem português entre si, o PortugalDiário decidiu falar com eles. Dois jovens confirmaram ter sido pagos «por uns senhores da delegação do Zimbabué» para estarem ali. Um homem zimbabueano interrompeu a conversa e negou qualquer retribuição pelo serviço. Mas a confissão já tinha sido feita.

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