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Numa tarde de dúvidas sobre Educação, mais sorrisos do que respostas

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Ministra Isabel Alçada esteve no Parlamento. A oposição acusa-a de ter fugido às questões que lhe colocou. Governo recorda as medidas que tomou nos últimos anos

A ministra da Educação esteve esta tarde no Parlamento para responder às perguntas dos deputados. Mas os deputados queixaram-se de terem sido pouco esclarecidos. A oposição acusou Isabel Alçada de usar a estatística para camuflar insuficiências e de pintar a «cor-de-rosa» um cenário que disse ser ser negro. Só o PSD lhe reconheceu a troca da «arrogância» por «sorrisos mais simpáticos». Mas só porque não resistiu à uma alfinetada com o vídeo do início do ano escolar.

Durante três horas de debate, depois das primeiras interpelações, a quase nenhuma das intervenções dos parlamentares faltou uma nota de queixa por não terem visto respondidas as suas questões. A ministra dedicara-se a elencar o que chamou de «resultados concretos» das políticas do Governo. Desde as 100 novas escolas inauguradas no 5 de Outubro, à avaliação dos docentes, passando pelas novas oportunidades, pelo pré-escolar, ao inglês e à «cultura de exigência».

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Para trás ficariam dúvidas dos deputados sobre «chumbos», avaliação de professores, cortes nos apoios sociais, assim como em relação à condição precária de funcionários docentes e não docentes nas escolas. «São só auto-elogios», queixou-se o deputado centrista José Manuel Rodrigues. «A senhora ministra vive no mesmo país que o eng. Sócrates». Miguel Tiago, do PCP, lamentou que os professores estejam sujeitos a «devaneios» governativos. «Como pode dizer que tudo vai bem ao mesmo tempo que anuncia cortes?».

«Não pode fugir às perguntas»

A deputada do BE Ana Drago ainda tentou vincular a ministra a um vocativo: «Senhora ministra, não pode fugir às perguntas», instou-a, atirando para a pilha de questões por despachar outras. «Para quando a abertura de concurso de psicólogos, para quando a colocação de professores em falta nas escolas, para quando a colocação nos quadros de auxiliares de acção educativa?».

Com a ministra distraída, a falar com o secretário de Estado, Heloísa Apolónia teve de repetir «senhora ministra, senhora ministra, senhora ministra», para que a ministra olhasse. «Faz monólogos muito interessantes, mas para o diálogo ainda não está muito virada», atirou. «Não responde a nada».

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Um dos raros momentos da tarde em que Isabel Alçada pareceu poupada foi protagonizado por Pedro Duarte, do PSD. Mas só como uma via para uma observação irónica. «Trocou a arrogância no estilo por sorrisos bem mais simpáticos e bem mais urbanos. Trocou prepotência na imposição de medidas por atitudes até de cariz mais pedagógico, como alguns vídeos que todos tivemos oportunidade de ver na Internet». Risos nas bancadas. «Mas isso não chega». E mais uma questão: «O Governo tem alguma ideia como resolver os problemas estruturais do sistema de ensino?»

Onde estudam os filhos dos políticos?

Sobre as estatísticas de que a ministra e os seus secretários de Estado se valeram para ilustrar os progressos dos últimos anos, a oposição disse que não passavam de estatísticas e que nenhuma espelhava o facilitismo do sistema. Alçada foi ainda acusada de estar mais preocupada com betão do que com recursos humanos. Ainda que sobre betão também foi censurado o fecho de muito mais escolas do que aquelas que foram abertas.

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O ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, saiu em defesa das políticas governativas, acusando o PSD e o CDS de quererem «onerar as finanças públicas» com «um sistema de ensino para pobres e um sistema de ensino para ricos».

Paulo Portas acabou por responder, na defesa da liberdade de escolha no ensino, lamentando o que disse ser um preconceito com as escolas privadas. Apontando para o hemiciclo, o líder do CDS questionou porque é que «maioria dos responsáveis políticos escolhem escolas privadas para colocarem os filhos».

Numa tarde com muitas questões por responder, esta também ficou no ar, tal como as que os jornalistas tentaram fazer a Isabel Alçada no final do debate. A ministra passou pelos repórteres. Sorriu e foi-se embora.

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