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Sindicância: alterações ao PDM podem ser nulas

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Repercussões em projectos como Alcântara XXI ou Aterro da Boavista

As alterações ao Plano Director Municipal (PDM) de Lisboa em «regime simplificado» podem ser consideradas nulas, com repercussões em projectos como Alcântara XXI ou Aterro da Boavista, aponta o relatório da sindicância ao Urbanismo da autarquia, refere a Lusa.

«As alterações ao PDM em regime simplificado serão susceptíveis de declaração de nulidade», declara a procuradora Elisabete Matos no relatório da sindicância aos serviços de Urbanismo da Câmara de Lisboa, a que a agência Lusa teve hoje acesso.

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A magistrada responde a uma das queixas dos vereadores do PCP na Câmara de Lisboa, Ruben de Carvalho e Rita Magrinho.

Os eleitos comunistas alegam a «ilegalidade da alteração ao PDM feita em 2004, que se operou através do procedimento simplificado ao abrigo do artigo 97º do decreto-lei 380/90 e que, por configurar alterações de substância (diferentes usos do solo, alterações de índices, volumetrias, impedimentos, planos e loteamentos), não poderia ocorrer naquela modalidade».

Os vereadores comunistas consideram que deveria ter-se seguido um «processo comum de alteração» do PDM, «que envolve maior nível de concertação e participação pública».

A proposta de alteração do PDM foi votada em reunião de Câmara em Setembro de 2003, quando a autarquia era dirigida por Pedro Santana Lopes (PSD) e Eduarda Napoleão (PSD) era vereadora do Urbanismo, e publicada em Diário da República em Março de 2004.

«No concreto, olhando a planta de ordenamento, o impacto imediato destas alterações, repercutem-se na zona do cruzamento da Avenida de Pádua com a Avenida D. Afonso Henriques, no Aterro da Boavista, e também em Alcântara», lê-se no relatório.

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Projectos como Alcântara XXI ou das torres de Norman Foster, no Aterro da Boavista, incluem-se nesta zona.

As alterações em regime simplificado ao PDM incidiram também na «área oriental da cidade, de antigas unidades fabris, situadas entre os Olivais e a EXPO, prolongando-se junto ao Rio até à zona de Braço de Prata», indica também o relatório.

Nesta última zona insere-se o projecto do arquitecto Renzo Piano para Braço de Prata.

A proposta de alteração do PDM de forma simplificada partia de um pressuposto que, para Elisabete Matos, é «errado», de que «as regras supletivas do PDM são medidas cautelares e que por isso caducaram ao fim de dois anos, tendo dado origem a uma lacuna que, pela via da alteração em regime simplificado, se pretendia então ultrapassar».

Sobre o projecto Alcântara XXI, mesmo aceitando a validade das alterações de 2004 ao PDM, não parece à magistrada Elisabete Matos que «a versão actual do PDM permita os licenciamentos de loteamentos e edificação em causa».

«Alcântara fica enquadrada na Unidades Operativas de Planeamento (UOP) 19, que prevê planeamento obrigatório», refere o relatório.

A sindicância aos serviços do Urbanismo foi pedida pelo ex-presidente da Câmara e actual vereador independente Carmona Rodrigues, em Dezembro de 2006, e entregue há cerca de duas semanas ao actual autarca da capital, António Costa (PS).

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