O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou, esta tarde, na Assembleia da República, que Portugal «nunca autorizou» nenhum voo da CIA de transporte de prisioneiros de ou para Guatanamo, no espaço aéreo português ou autorizou qualquer aterragem na base das Lages.
Interrogado por Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, o primeiro-ministro afirmou e reafirmou que «nenhum membro do Governo foi informado» sobre estes voos, ou entrou, «qualquer pedido» desta natureza nos serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
PUB
Sobre o relatório da organização britânica de direitos humanos REPRIEVE sobre alegados voos da CIA, o primeiro-ministro afirmou que este «não ajuda à verdade» e que as acusações são «infundadas».
Francisco Louçã questionou então se seria correcto pedir a demissão algum membro do Governo que tivesse faltado à verdade neste ponto. O primeiro-ministro respondeu afirmando que «nenhum membro deste Governo faltou à verdade». Portugal «nunca foi consultado» sobre este tema. «Isso nunca aconteceu». Sócrates salienta ainda que só pode «responder por este Governo», mas adianta que não existe no MNE qualquer registo sobre esta matéria.
«Baseamos a nossa política externa nas regras do direito internacional e fico particularmente ofendido com um relatório que pretende colocar Portugal no centro ou na rota da infâmia. Não aceito isso e lamento muito que outros deputados levantem ou procurem incentivar este caminho», acrescentou Sócrates.
O líder Bloco concluiu o tema afirmando que estão criadas «todas as boas razões para uma comissão de inquérito».
PUB