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Portugueses nem trocos dão ao Fisco

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A crise, como o sol, pode não ser para todos. Mas para aqueles a quem toca, exerce uma fortíssima força de gravidade e torna-se numa espécie de «buraco negro», por onde desaparecem grande parte das economias.

A prova disso mesmo é que os portugueses já não descuram sequer dos «trocos» e passaram a dar importância a todas as «migalhas».

Segundo dados oficiais, no último ano, no Brasil, milhões e milhões de reais, relativos a reembolsos do Imposto de Renda (correspondente ao nosso IRS), ficaram nos cofres do Estado, por reclamar. «As pessoas esquecem-se de reclamar esse dinheiro. Por vezes são valores de baixa importância, ou as notas de reembolso não chegam ao contribuinte e ele pura e simplesmente não reclama junto da Receita (homólogo da nossa Administração Fiscal», dizia uma fonte desta entidade, citada pela imprensa brasileira.

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A «Agência Financeira» foi tentar saber o que acontece em Portugal com o dinheiro, relativo a reembolsos de IRS, que os portugueses não reclamam, e que fica «esquecido» nos cofres do Fisco.

A resposta foi, no mínimo, esclarecedora: em Portugal, ninguém deixa de reclamar ao Fisco o dinheiro a que tem direito, por menos que seja.

«A Direcção Geral dos Impostos (DGCI) nem sequer tem conhecimento de casos desses», disse fonte oficial desta entidade. «Não há registo de situações destas», os reembolsos são todos reclamados, até ao último cêntimo.

Recorde-se, no entanto, que em Portugal, de acordo com a Lei, quando houver lugar a reembolso ou nota de cobrança de valor inferior a cerca de 5 euros, o mesmo é considerado nulo.

Portugueses não gostam do Fisco

Um economista contactado pela «Agência Financeira» atribui esta «limpeza» às contas do Fisco a algo mais do que a crise e a necessidade de dinheiro que muitas famílias portuguesas sentem.

«Os portugueses não gostam do Fisco. Nos últimos tempos, as opiniões já se dividem, já há quem esteja do lado do Fisco e apoie as acções de fiscalização, as multas, o cerco apertado aos contribuintes, para impedir a fuga e fraude fiscais, para castigar os faltosos. Mas até há muito pouco tempo atrás, o Fisco era mal visto pelos portugueses, as pessoas olhavam para o Fisco com raiva. Os inspectores e os funcionários dos Impostos eram vistos um pouco como os agentes da polícia, era preciso fugir deles, porque se fossemos apanhados, íamos ser multados de certeza», diz.

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Apesar de os tempos serem de mudança, «ainda hoje há muita gente que pensa assim. Se calhar são pessoas que, de facto, têm algo a esconder, têm razões para não gostar do Fisco e o temer».

E se pensa que está fora deste rol, pense duas vezes. É que violar os mandamentos do Fisco, é mais fácil e mais frequente do que se pensa. «Quase ninguém em Portugal pode dizer que tem um cadastro fiscal imaculado. Há sempre aqueles serviços ou compras em que não se abdica de se pedir a factura para não pagar IVA, ou por exemplo as facturas da farmácia, deduzidas na declaração do IRS, onde, afinal, vão alguns produtos com IVA a 21%», exemplifica este economista.

«É natural que as pessoas não queiram dar dinheiro a ganhar a uma entidade pela qual não sentem simpatia. E muita gente ainda identifica o Fisco com o Governo, com os políticos, que também é uma classe que não merece muita simpatia aos portugueses», ironiza.

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