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Nova estrutura de despesas penaliza poder de compra

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Economista denuncia que forma como INE mede inflação reflecte pouco a realidade

A estrutura das despesas das famílias portuguesas sofreu grandes alterações nos últimos anos. O problema é que essa mudança não tem sido tida em conta pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), quando mede a taxa de inflação, fazendo com que, na verdade, o custo de vida dos portugueses cresça mais do que tem sido divulgado. A denúncia consta de um estudo elaborado pelo economista Eugénio Rosa.

«O aumento da taxa de inflação em Portugal tem sido superior ao divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelos órgãos de informação. E isto porque a estrutura das despesas das famílias portuguesas que o INE tem utilizado no Índice de Preços no Consumidor, que era a de 2000, estava desactualizada pois já não correspondia à realidade», revela o estudo.

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O INE realizou em 2005-2006 um inquérito às despesas das famílias portuguesas mas só na segunda quinzena do mês de Março de 2008 é que divulgou os resultados obtidos. «Como era previsível, os resultados mostraram que a estrutura das despesas das famílias que o INE vinha utilizando para cálculo do Índice de Preços do Consumidor já não correspondia à realidade», denuncia Eugénio Rosa.

Habitação pesa hoje muito mais na carteira

«As classes de despesas cujos preços têm aumentado mais em Portugal, como a habitação, tinham um peso na estrutura das despesas das famílias que era bastante inferior ao verdadeiro. Este facto determinava que o valor mensal do Índice de Preços no Consumidor divulgado pelo INE, que serve para medir a inflação, fosse inferior ao aumento real dos preços em Portugal», acrescenta.

«O efeito desta simples mudança determina que a taxa de inflação em Portugal seja superior, em media e por ano, em mais 0,365 pontos percentuais ao valor que o INE divulgava», assegura o ex-deputado comunista.

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Se considerarmos o período 2005-2008 (mandato do actual Governo), a taxa corrigida com base na estrutura das despesas das famílias de 2005-2008 é superior à taxa de inflação divulgada pelo INE em 12%, e à prevista pelo governo para este mesmo período em 34,4%. «É evidente que este facto tem contribuído para reduzir e ocultar a verdadeira dimensão da perda de poder de compra dos trabalhadores portugueses e de outros extractos da população desfavorecidos, como são a esmagadora maioria dos reformados, em Portugal».

Eugénio Rosa conclui que «os trabalhadores têm sido enganados sistematicamente com as previsões falsas do Governo, pois é com base nelas que o Governo tem aumentado as remunerações dos trabalhadores da Administração Pública (e pensionistas), o que tem contribuído para uma redução muito significativa do seu poder de compra».

Aumento de preços não é igual para todos

O estudo elaborado pelo economista Eugénio Rosa revela ainda que «a taxa de inflação não é a mesma para todas as classes da população, porque o chamado Índice de Preços no Consumidor de cada classe social depende do peso dos bens e serviços que mais consome».

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Imagine-se o seguinte exemplo: uma família em que uma parte muito significativa do seu orçamento mensal é utilizada para pagar as despesas com a habitação, incluindo os gastos com ela relacionados, como água, gás e electricidade, etc. (por ex., 40%).

Ora, se os preços com as despesas com habitação estão a aumentar muito como sucede em Portugal (ex. encargos com o empréstimo para aquisição da habitação), então a «taxa de inflação» para esta família será muito superior à de uma família em que as despesas com a habitação têm um peso no orçamento familiar muito reduzido (ex. 10%), explica.

Em vários países europeus, o cálculo da inflação tem já esta realidade em conta e, por isso, são calculados diversos Índices de Preços no Consumidor. Por exemplo, em França o organismo oficial de estatística, para além do Índice de Preços no Consumidor geral, publica também um Índice de Preços adaptado aos reformados.

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