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Estrada: vítimas esquecidas

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Dia Mundial em Memória das Vítimas da Estrada assinala-se este domingo. Na sequência das últimas tragédias, Governo associa-se «pela primeira vez» às homenagens, mas é acusado de «aproveitamento político». Apoio para sobreviventes e familiares é quase inexistente. Em cinco anos, já morreram mais de seis mil portugueses

«Pensamos sempre que só acontece aos outros» é uma das expressões mais ouvidas quando a tragédia bate à porta. Em Portugal, a «desgraça» chega, vezes demais, ao volante. Todos os anos o terceiro domingo de Novembro é o dia escolhido para «não esquecer». Neste Dia da Memória, o Governo de José Sócrates associa-se pela primeira vez à iniciativa e a ACA-M lembra que mesmo depois de 70 mil vítimas, em mais de 30 anos, ainda não há apoios para quem «cá fica».

«Sou filha de uma pessoa que morreu. Fiquei órfã aos oito anos e nunca tive nada. Ou as pessoas têm seguro ou é difícil. Não há apoios psicológico para sobreviventes e familiares», explicou ao PortugalDiário Luísa Jacobetty, da Associação dos Cidadão Auto-Mobilizados (ACA-M).

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A ACA-M e a Estrada Viva assinalam todos os anos o Dia da Memória e este ano congratulam-se com as iniciativas governamentais, no entanto, não deixam de apontar o dedo: «Esperamos agora que o Estado reconheça o Distúrbio Pós-Traumático de Stress como uma doença que afecta milhares de vítimas da Estrada, que aprove um Plano Nacional de Trauma e crie políticas interministeriais de combate a uma das maiores epidemias mundiais: a sinistralidade rodoviária».

Depois de um Outubro e Novembro negros, o Governo de José Sócrates lançou várias campanhas de prevenção rodoviária e acções de fiscalização que no seu conjunto pretendem «Acabar com o Drama». Luísa Jacobetty salienta que é a «primeira vez» que o Estado se associa a este dia, mas lamenta a forma como o faz. «Há campanhas, mas pouco mais. Os apoios aos traumas continuam a não existir. É um aproveitamento político», desabafa.

O pior distrito em 2007

O distrito de Santarém, que domingo acolhe as cerimónias nacionais do Dia da Memória foi o que registou maior aumento de vítimas mortais nos primeiros nove meses do ano, 76 por cento, disse fonte do Governo Civil à Lusa. Até Outubro registaram-se mais 24 mortes do que durante o mesmo período de 2006, num total de cerca de 60 mortes resultantes de colisões, despistes e atropelamentos.

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O número de acidentes no sublanço da auto-estrada do Norte Santarém/Torres Novas, em obras para alargamento para três vias, registou um acréscimo de acidentes. A partir dos dados recolhidos, o Governo Civil de Santarém está a preparar uma base de dados que vai identificar as intervenções necessárias, tanto em zonas urbanas como nas estradas.

Ano histórico

Em 2006, Portugal conseguiu um resultado histórico nas mortes ao volante. As autoridades registaram menos 27 por cento de vítimas mortais em comparação com o ano anterior. Números que fizeram de Portugal o segundo país da UE com melhores índices. Um resultado conseguido em parte devido ao aumento das patrulhas de fiscalização na estrada, à introdução do pagamento das multas na hora, ao aumento do preço do combustível e até a uma melhoria do comportamento na estrada.

Em 2007, o ano decorreu com alguma «normalidade» até ao Verão, mas a pouco e pouco os acidentes graves foram subindo as estatísticas e sobretudo a violência. Os acidentes com pesados e os atropelamentos fatais relembraram o país que esta é uma «guerra nossa». Longe de estar ganha.

Até 11 de Novembro, os acidentes de trânsito fizeram 756 vítimas mortais, mais 46 do que em igual período de 2006, segundo a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ASNR).Durante o mesmo período, registaram-se 2.690 feridos graves (menos 339 do que no período homólogo de 2006) e 36.544 feridos ligeiros (mais 1.232). Segundo dados da ANSR, entre 2002 e 2006 morreram nas estradas portuguesas 5.904 pessoas. Este número de mortos não inclui os muitos feridos graves que depois acabam por morrer nos hospitais.

Este domingo haverá uma mobilização geral das forças de segurança e dos bombeiros para uma campanha de «tolerância zero», que passará pelo controlo de velocidade e por testes de alcoolemia, visando conseguir a ausência de qualquer acidente grave nas 24 horas de domingo.

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