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Casa Pia: Cruz «tapado» nos dias dos crimes

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Defesa do ex-apresentador apresentou álibis para os dias dos abusos referidos na pronuncia

Actualizado às 20:22

Reconstruir a vida de Carlos Cruz, nos dias descritos na pronuncia para a prática de abusos sexuais, «foi um trabalho árduo que se pode revelar inútil», afirmou esta terça-feira o advogado do ex-apresentador, durante as suas alegações finais no processo da Casa Pia.

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Olhando para as datas da acusação, Ricardo Sá Fernandes, defende que estas «estão tapadas» com álibis sólidos, sustentados por uma «extensa prova documental», mas teme que as declarações prestadas, em sede de julgamento, pelos jovens levam o tribunal a mudar os dias.

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Para tapar as datas, a defesa do ex-apresentador explicou que cruzou vários elementos: registos do telemóvel de Carlos Cruz, vias verdes, facturas de refeições ou pagamentos com cartões de crédito.

Mas nas tabelas mostradas hoje em tribunal ainda estavam incluídos: a listagem das chamadas telefónicas de Carlos Silvino, de Manuel Abrantes, dados sobre a vida de Hugo Marçal (que provou em alguns dias estar em Coimbra) e, por fim, dados sobre as chamadas do telemóvel de uma das vítimas. A pronuncia coloca todos em Elvas, nos mesmos dias.

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«Não é possível»

«Apenas um fim-de-semana», em que Cruz esteve doente, ficou por «tapar» com prova documental, defendeu Ricardo Sá Fernandes, acrescentando que mesmo esse ficou «tapado» com as declarações do seu médico em tribunal.

No final alegou: «Nos dias em causa não é possível atribuir os actos descritos» ao ex-apresentador. Seja por ausência de Carlos Cruz, Manuel Abrantes, Hugo Marçal, Bibi ou até do assistente que os acusa de abuso.

Vítimas sem consistência

Antes de expor os álibis, Ricardo Sá Fernandes dedicou grande parte da tarde a demonstrar o que considerou a «inconsistência das alegadas vítimas». Cingindo-se aos jovens que apontam Carlos Cruz e que o advogado responsabiliza por teram criado «a fantasia» que é o processo, relembrou vários dos seus depoimentos em tribunal.

«Não têm um discurso coerente. Não podemos formular qualquer juízo sobre os abusos que dizem ter sido alvo», afirmou Ricardo Sá Fernandes. «Na verdade, estas pessoas não têm um discurso narrativo consistente e, por isso, as suas declarações não podem ser um elemento de prova», concluiu.

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No entanto, admitiu que os assistentes possam estar «a transferir» para estes arguidos, o que outros abusadores lhes fizeram.

As falhas da investigação

Durante a manhã, Ricardo Sá Fernandes, já tinha criticado os investigadores, apresentando os «dez pecados mortais da investigação» ao processo. No final da audiência, confrontado pelos jornalistas questionou: «Como é que uma investigação se pode basear apenas nesse elemento (as dclarações dos jovens)?»

«Qualquer estudante de liceu faria melhor. Houve precipitação, um vórtice de disparates que ninguém soube parar para pensar», justificou.

Aliás, de positivo na investigação, o advogado só vê uma coisa: «A investigação não actuou de forma deliberada no sentido de esconder provas ou instruir pessoas». Terá apenas havido «negligência».

Já Ramiro Miguel, advogado de Bibi, afirmou aos jornalistas que os «álibis» apresentados «não tapam tudo». Até porque há «períodos de cinco a seis horas», nos dias referidos pelas vítimas, nos quais Silvino não fez chamadas, e que permitem realizar a viagem.

A defesa de Carlos Cruz terminará as suas alegações amanhã, quarta-feira. Para o dia seguinte, quinta-feira, ficaram marcadas as alegações de Maria João Costa, representante de Ferreira Diniz.

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