A Caixa Geral de Aposentações (CGA) concedeu a reforma por incapacidade à professora Conceição Marques, vítima de três cancros, obrigada a regressar à escola no ano passado, por ter sido considerada apta para dar aulas.
«Sinto que, finalmente, foi feita justiça. A notícia da reforma foi-me dada ontem [quinta-feira] à tarde através do meu agrupamento de escolas. Estou muito mais serena», disse à Lusa a docente, de 50 anos.
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Em Agosto do ano passado, depois de uma baixa médica de 36 meses, a CGA recusou o pedido de reforma por incapacidade a Conceição Marques, professora do primeiro ciclo da Escola Básica da Regedoura, em Ovar, a quem tinha sido retirada parte da língua devido a um cancro.
Com muitas dores e grande dificuldade em falar, a docente foi obrigada a voltar à escola, tendo muitas vezes de interromper as aulas devido a hemorragias na boca.
Perante a recusa da aposentação, a professora, com 29 anos de carreira, pediu uma junta médica de revisão, para a qual foi chamada já em Agosto deste ano.
Na sequência da mesma, a CGA notificou-a para ir a uma consulta de otorrinolaringologia numa clínica do Porto, tendo o parecer desse especialista sido analisado numa nova junta médica realizada a 07 de Novembro.
«Nessa junta médica, em que não estive presente, os médicos analisaram o parecer e todo o meu processo e decidiram, finalmente, dar-me a aposentação», explicou à Lusa Conceição Marques.
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A professora entrará de férias já na próxima semana e até que a CGA conclua o processo de aposentação. No entanto, garante, não deixará de visitar a escola que lhe «ficou no coração». «Vou visitá-los muitas vezes, tanto às minhas colegas, que foram excepcionais, como aos meus alunos, que passaram comigo por todo este sofrimento», afirmou.
Numa nota enviada à agência Lusa, o Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN), que denunciou o caso em Outubro passado, congratulou-se com o que considera ter sido uma reposição da justiça.
«O SPZN vê com satisfação a aposentação da sua associada naquele que era um dos casos mais antigos e de maior injustiça no contencioso. O sindicato apela mais uma vez a que todos os professores nesta situação denunciem o facto», refere a estrutura sindical afecta à Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE).
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