O comandante Alpoim Calvão morreu na madrugada desta terça-feira, aos 77 anos, confirmou à Lusa fonte oficial da Marinha.
Segundo a mesma fonte, o antigo militar português morreu no Hospital de Cascais, onde estava internado.
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O funeral do comandante realiza-se quinta-feira para o cemitério dos Olivais, após a missa de corpo presente no Mosteiro dos Jerónimos, disse próxima da família, acrescentando que o velório terá início quarta-feira, a partir das 17:00. A missa de corpo presente está prevista para as 11:00 de quinta-feira, e o funeral sairá às 11:45 para o cemitério dos Olivais.
Depois da guerra, Alpoim Calvão iniciou outra cruzada, de oposição ao regime democrático pós-25 de Abril de 74. Alpoim Calvão recusou-se a participar no movimento militar que levou à revolução de 25 de Abril de 1974, apesar de ter sido convidado, como revelou numa entrevista que a Lusa cita.
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Calvão foi, aliás, fundador do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP), responsável por uma série de assaltos e atentados bombistas a sedes do PCP no Verão Quente de 1975.
O comandante participou no falhado golpe de Estado de 11 de março de 1975, sobre o qual escreveu um livro, editado em 1995, «O 11 de Março - peças de um processo».
Na sequência da participação neste golpe, Alpoim Calvão foi expulso das Forças Armadas, com outros 18 militares, entre os quais o general António de Spínola. Foram reintegrados três anos mais tarde. Continuou, contudo, com uma forte lealdade ao general Spínola e acompanhou-o no exílio. Passou por Espanha e Brasil até regressar a Portugal.
Sobre o MDLP, Alpoim Calvão disse mais tarde, em entrevista ao «Público», que o objetivo era «parar o PCP» e travar «o rumo do PREC», após a revolução de 25 de Abril de 1974. Embora afastado compulsivamente da Marinha após o 11 de março, veio a ser condecorado em 2010 com a Medalha de Comportamento Exemplar do Comandante do Corpo de Fuzileiros.
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Mas, esse não foi o único momento polémico da carreira de Alpoim Calvão. Em 1970, comandou a «operação Mar Verde» que consistiu numa invasão da Guiné-Conacri, uma operação que, segundo descreveu o próprio em entrevista à Lusa, em 1998, teve duas vertentes: libertar os prisioneiros de guerra portugueses e «destruir os meios navais do PAIGC e da República da Guiné».
«O comandante Alpoim Calvão foi um brilhante estratega e com elevadas qualidades militares provadas em campanha assumiu desde sempre uma referência para os Fuzileiros, honrando a Marinha e as Forças Armadas Portuguesas», lê-se, numa nota divulgada no site da Marinha.
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