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Cancro da próstata: distinguir casos mais agressivos

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Descoberta de um novo indicador poderá ajudar médicos a distinguir os tumores

Estudo «promissor» não tanto para diagnóstico, mas para distinguir os casos mais agressivos de cancro da próstata, foi como um urologista da Universidade de Coimbra classificou esta quinta-feira a descoberta de um novo indicador desta neoplasia, escreve a Lusa.

Um trabalho de investigação publicado na revista Nature dá conta da identificação de uma molécula, chamada sarcosina, que ao ser detectada na urina poderá ajudar os médicos a distinguir os tumores de evolução lenta dos que exigem tratamento mais rápido e agressivo.

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Útil para o prognóstico

Arul Chinniayan, da Universidade de Michigan (EUA), e colegas encontraram uma quantidade muito maior de sarcosina nos casos mais agressivos da doença e constataram que basta acrescentar essa substância a culturas de células prostáticas para as transformar em células cancerosas invasivas.

Para o professor Arnaldo Figueiredo, secretário-geral da Associação Portuguesa de Urologia (APU), trata-se de um estudo muito preliminar, ainda a requerer confirmação, «mas muito promissor, não tanto em termos de diagnóstico, mas de clarificação da agressividade da doença, ou seja, de prognóstico».

Na sua perspectiva, o problema que se coloca é menos de capacidade de diagnóstico, mas de «distinguir quais os carcinomas que são mais agressivos e, por conseguinte, quais os que merecem tratamento mais precoce».

O carcinoma da próstata tem uma prevalência crescente com a idade. Segundo estudos clássicos, autópsias feitas a homens com 70 anos que morreram por atropelamento ou enfarte de miocárdio revelaram focos dessa neoplasia em cerca de 40 por cento dos casos, quando entre os 50 e os 60 anos isso acontecia em apenas 15 por cento.

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Para este urologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra e professor da Faculdade de Medicina da mesma instituição de Ensino Superior, «mais importante do que saber quantos doentes têm carcinoma da próstata histológico, é determinar quais requerem verdadeiramente uma terapêutica agressiva e quais podem ser simplesmente vigiados».

3 por cento de risco

O risco global, à nascença, de um homem vir a morrer de carcinoma da próstata é de 3 por cento, apesar de um em cada nove homens receber durante a vida um diagnóstico da doença, o que «implica haver mais homens a morrer com carcinoma da póstata do que por carcinoma da próstata», sublinhou.

O estudo agora publicado aponta não para um substituto do PSA, um indicador da doença na urina que permite o seu diagnóstico precoce, «mas para um seu complemento, no sentido de refinar nos homens com carcinoma da próstata os que têm um padrão biológico que faça prever uma evolução rápida da doença».

É que - assinalou o urologista - «as modalidades terapêuticas actuais para este tipo de cancro não são inócuas, mas, mesmo se fossem, se houvesse maneira de detectar e tratar todos os casos, estaríamos a falar de uma percentagem desproporcionada de homens em relação ao real impacto da doença em termos de mortalidade».

O cancro da próstata é o cancro mais frequente no homem e a segunda causa de morte por cancro. De acordo com dados da APU, morrem anualmente em Portugal 1.800 homens devido a esta doença.

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