A família das duas mulheres que caíram ao rio Jamor vai processar autarquia de Sintra e Estradas de Portugal por homicídio por negligência, advogado espera que corpo da mulher desaparecida seja encontrado para não piorar situação financeira da família, escreve a Lusa.
António Pragal Colaço, advogado da família, disse à Lusa que a EP, a autarquia de Sintra, e o presidente da câmara, Fernando Seara, vão ser chamados a tribunal para responder perante um processo de homicídio por negligência, dado que já tinham sido avisados do mau estado da Estrada Nacional 117 e do muro que a separava da ribeira do Jamor.
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«A câmara tem responsabilidade criminal. Estamos a fazer recolha de cartas e a ouvir testemunhas que já se tinham queixado à câmara das más condições do muro», disse o advogado, acrescentando que «dentro de uma semana ou quinze dias o processo dará entrada no tribunal».
Para António Pragal Colaço, o que aconteceu na manhã de 18 de Fevereiro faz lembrar o episódio de «Entre-os-Rios».
Buscas: encontrada mala de desaparecida
Belas: buscas de desaparecida reforçadas
Após uma noite de mau tempo, uma inundação na EN117 fez ruir o muro que separava a ribeira do Jamor e a via pública. A ausência do muro foi fatal para duas irmãs que prosseguiam num veículo que foi arrastado para dentro da ribeira, desencadeando na morte de Sara Gomes e no desaparecimento de Zibia Coimbra, que está a ser alvo de buscas pelo nono dia consecutivo.
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Para António Pragal Colaço, «ninguém quer assumir responsabilidades» e «ao contrário do que a câmara de Sintra diz» o muro não é particular.
«Aquele muro não é particular mas mesmo que fosse a câmara é que passa licenças e tinha obrigação de zelar pela sua manutenção», sublinhou o advogado.
«É um caminho de cabras»
Mas também a EN117 junto a Belas é alvo de acusação por parte de António Pragal Colaço, que afirma que, «de Estrada Nacional só no papel».
«Aquilo não é uma estrada é um caminho de cabras. A estrada não é adequada para a circulação que tem, que é muita», sublinhou.
António Pragal Colaço lamentou que, caso o corpo de Zibia Coimbra, a mulher desaparecida, não seja encontrado venha a ser prejudicial para uma família já por si «muito pobre», visto que deixou quatro filhos menores.
«Caso não seja encontrada são dez anos como se a pessoa existisse e ninguém paga a pensão dos filhos, por isso estamos a andar com este processo», referiu.
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«Nem apresentaram condolências à família»
Este advogado estranha que a «câmara de Sintra não tenha aparecido em nenhum lado nem tenha apresentado as condolências à família», ao contrário da Junta de Freguesia de Monte Abraão e do ministro da Administração Interna, Rui Pereira, que «deram o seu apoio».
A Lusa tentou contactar o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, e a única resposta que obteve foi da parte do gabinete de comunicação que informou que este «tema será debatido quarta-feira na reunião de câmara».
A Lusa contactou a Estradas de Portugal mas até ao momento não obteve resposta.
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