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Papa reconhece que não faltam «filhos rebeldes» à Igreja

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Eucaristia presidida por Bento XVI reune milhares de fiéis no Terreiro do Paço, em Lisboa

O Papa deixou um apelo à renovação da Igreja, esta terça-feira à tarde, em Lisboa. Na homilia que proferiu perante dezenas de milhar de crentes no Terreiro do Paço, durante a eucaristia, Bento XVI disse que é tempo destes serem uma «presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo». E reconheceu que dentro da comunidade eclesial existem «filhos insubmissos e até rebeldes».

A chave de leitura destas últimas palavras do Sumo Pontífice são as respostas que deu aos jornalistas ainda no avião, a caminho de Portugal, quando disse que o pecado não surge dos «inimigos de fora, mas nasce do pecado da Igreja», numa referência aos escândalos de pedofilia que envolvem eclesiásticos.

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«A maior perseguição à Igreja não vem dos inimigos exteriores, mas nasce do pecado da Igreja. E a Igreja tem, portanto, profunda necessidade de reaprender a penitência, aceitar a purificação, aprender o perdão, mas também a necessidade de justiça. O perdão não substitui a justiça», deixou claro o Papa, ainda no ar.

Já em terra, no Terreiro do Paço, Bento XVI tocou no assunto mais ao de leve e de forma mais velada. Depois de falar sobre a santidade na Igreja, disse que nela não abundam apenas os virtuosos. «Sabemos que não lhe faltam filhos insubmissos e até rebeldes», salientou, defendendo, contudo, que «nenhuma força adversa poderá destruir a Igreja».

O apelo feito em Lisboa foi, por esta razão, a uma vivência mais comprometida da mensagem cristã por parte dos católicos. «A prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspectiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política».

«A nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós», insistiu o Papa, deixando no ar uma questão dirigida aos dirigentes das comunidades católicas: «Colocou-se uma confiança talvez excessiva nas estruturas e nos programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções, mas que acontece se o sal se tornar insípido?».

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Numa cerimónia em que estiveram presentes dezenas de milhares de pessoas, numa praça repleta, que segundo a organização tem capacidade para entre 60 e 80 mil pessoas, o Papa recordou a capital portuguesa como um dos pontos de partida históricos da evangelização para deixar-lhe uma mensagem de ânimo.

«Lisboa amiga, porto e abrigo de tantas esperanças que te confiava quem partia e quem te visitava, gostava de usar as chaves que me entregas para alicerçar as tuas esperanças humanas na esperança divina», disse.

Apoteose e segurança

A cerimónia ficou marcada ainda pela dimensão da cerimónia, que se iniciou com os cânticos de um coro de 370 vozes. Bento XVI entrou no recinto aclamado pela multidão, em apoteose, que gritou «vivas» ao Papa, enquanto agitava bandeiras.

A eucaristia contou com a presença de 40 bispos e centenas de sacerdotes. Entre as várias individualidades, estiveram presentes o

Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e o primeiro-ministro, José Sócrates.

As medidas de segurança também foram um dos traços mais visíveis da missa. Além dos muitos agentes de diversas forças espalhados pela praça, também o Tejo mereceu uma apertada vigilância. Por trás do altar, aglomeraram-se dezenas de embarcações de recreio, mantidas à distância por botes militares e das forças especiais.

Antes do início da eucaristia, o Papa recebeu as chaves da cidade das mãos do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, uma relíquia de S. Vicente do cardeal patriarca, D. José Policarpo, e as camisolas dos principais clubes de futebol da cidade, Benfica, Sporting e Belenenses.

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