Apito: árbitro quer reabrir processos - TVI

Apito: árbitro quer reabrir processos

  • Portugal Diário
  • 19 jan 2007, 20:42

Jacinto Paixão renuncia ao segredo de justiça para que haja «transparência»

O árbitro Jacinto Paixão, notificado hoje da reabertura de um dos processos do «Apito Dourado» que também envolve o presidente do FC Porto, pretende renunciar ao Segredo de Justiça para que haja «transparência» neste caso, refere a Lusa.

«Desde já autorizamos a divulgação pública, a partir de hoje, de todos os actos deste caso (Apito Dourado), porque queremos o processo transparente, para se saber a verdade», vincou António Pragal Colaço, advogado do árbitro.

O advogado garante que ele e o árbitro só foram notificados ao princípio da tarde de hoje da reabertura pelo Ministério Público (MP) do processo contra o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, relativo a um jogo em que actuou Jacinto Paixão, isto já depois de terem solicitado de manhã a reabertura do mesmo inquérito.

Numa atitude de antecipação ao despacho da procuradora-geral adjunta e coordenadora de todos os processos relativos ao Apito Dourado, Maria José Morgado, a defesa de Jacinto Paixão enviou na manhã de hoje uma carta registada, em que pede a reabertura daquele processo relacionado com suspeitas de corrupção no futebol.

«Hoje de manhã pedimos a reabertura do inquérito, porque queremos que o caso seja investigado e não seja arquivado unicamente por falta de provas, mas inequivocamente por factos que demonstrem que Jacinto Paixão não cometeu qualquer crime», precisou o causídico.

O pedido de reabertura do inquérito, da iniciativa da defesa de Jacinto Paixão, foi dirigido ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, embora a notificação hoje recebida pelo árbitro de que o caso foi reaberto tenha vindo directamente da equipa liderada por Maria José Morgado, cujo «quartel-general» é em Lisboa.

Paixão quer reabrir mais processos

António Colaço recordou que, do processo principal do «Apito Dourado», foram arquivados 127 casos, todos relacionados com os jogos da Primeira e Segunda Liga e que apontavam alegados contactos entre presidentes de clubes da I Liga para a escolha dos assistentes e dos árbitros dos jogos.

«Jacinto Paixão quer ainda que estes 127 casos sejam todos reinvestigados», adiantou o advogado, assegurando que fará na próxima semana um requerimento ao MP nesse sentido.

Depois de terem sido notificados por Maria José Morgado da reabertura do processo em que também aparece Pinto da Costa, e prescindindo de reclamação hierárquica, a defesa de Jacinto Paixão vai requerer novas investigações ao abrigo dos direitos que a lei atribui aos arguidos.

«São tudo factos que interessam à defesa (de Jacinto Paixão) por estarem relacionados e englobados no mesmo processo (Apito Dourado)», sustentou António Colaço.

Entretanto, das 81 certidões extraídas por outras Comarcas judiciais no âmbito do caso «Apito Dourado» já foram «arquivadas 17». Também aqui, o árbitro Jacinto Paixão vai solicitar a reabertura e a investigação destes casos pelo Ministério Público, conforme garantiu à Lusa António Colaço.

O defensor de Jacinto Paixão revelou também que, «com a notificação da reabertura do processo (em que também está Pinto da Costa), não foi junta cópia do depoimento de Carolina Salgado», ex- companheira do presidente do FC Porto.

«A certidão constitui a omissão de uma formalidade, mas Jacinto Paixão renuncia em invocar» o não cumprimento dessa regra, que, disse, «é obrigatória, mas que o MP às vezes não respeita».

De acordo com o jornal «Público», na origem da reabertura do processo contra Pinto da Costa e que envolve os árbitros do jogo Estrela da Amadora/FC Porto, na época 2003/2004 estão declarações recentes de Carolina Salgado aos investigadores.

Segundo António Colaço, no processo agora reaberto «não existe uma única escuta telefónica a Jacinto Paixão», mas «escutas e transcrições de conversas entre António Araújo (empresário de futebol que alegadamente terá angariado prostitutas para a equipa de arbitragem) e Pinto da Costa». O advogado assegura que Paixão «não tem nada a esconder».
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