Quem é Maria José Morgado - TVI

Quem é Maria José Morgado

  • Portugal Diário
  • 15 dez 2006, 00:21
Maria José Morgado

Procuradora diz que Carolina deve ser protegida enquanto denunciante

A magistrada Maria José Morgado, nomeada esta quinta-feira para coordenar os processos relativos ao «Apito Dourado», já dirigiu investigações dos casos Vale e Azevedo, paquetes da Expo, subornos na GNR e corrupção no Fisco, entre outros.

A procuradora-geral adjunta chefiou entre Novembro de 2000 e Agosto de 2002 a Direcção Central de Investigação da Corrupção e da Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da Polícia Judiciária, altura em que foram investigados vários crimes de «colarinho branco», alguns deles ligados ao mundo do futebol, como o do ex-presidente do Benfica Vale e Azevedo, escreve a Lusa.

Outra das investigações ligadas ao futebol que passaram por Maria José Morgado quando esta liderou a DCIECCEF foi o caso Vitória de Guimarães/Pimenta Machado.

Num passado mais longínquo, Maria José Morgado sobressaiu como acusadora pública do ex-governador de Macau Carlos Melancia e de outras figuras ligadas ao antigo território nacional como Rui Mateus, Menano do Amaral, Tito de Morais e Strecht Monteiro.

Um passado antifascista

Distinguiu-se também na luta antifascista como militante do MRPP e, apesar de os tempos da «camarada Morgado» irem longe, é conhecida pela preseverança com que se entrega aos processos mais complicados, como, por exemplo, o das fraudes ao IVA envolvendo contrabando de tabaco, numa altura em que dirigia o combate ao crime económico à frente da DCICCEF.

Maria José Morgado assumiu a direcção do DCICCEF em finais de 2000, quando o Ministério da Justiça era dirigido pelo socialista António Costa, tendo a sua demissão ocorrido em Agosto de 2002, quando a pasta estava entregue a Celeste Cardona (CDS-PP) e Adelino Salvado era o director-geral da Polícia Judiciária, tendo a sua saída ficado rodeada de polémica e dúvidas sobre os motivos.

A corrupção em Portugal está fora de controlo

Exercendo funções de procuradora-geral adjunta no tribunal da relação de Lisboa após deixar o DCICCEF, Maria José Morgado nunca deixou de intervir e falar abertamente sobre a alta criminalidade, tendo em Novembro de 2004 alertado que «a corrupção em Portugal está fora de controlo».

Na altura, a magistrada apontou a apatia da sociedade civil, o sigilo fiscal e o segredo bancário como factores que contribuíam para «não haver um verdadeiro combate à corrupção».

A procuradora-geral adjunta é também conhecida pelas suas afirmações directas e polémicas, tendo em Junho de 2004 dito à revista «Visão» que «a justiça (portuguesa) não está preparada para enfrentar os poderosos».

Em 2003, Maria José Morgado lançou, em conjunto com o jornalista José Vegar, o livro «O Inimigo sem rosto, fraude e corrupção em Portugal».

Carolina deve ser protegida enquanto «denunciante»

Agora, e já depois do lançamento do livro de Carolina Salgado, Maria José Morgado defendeu, em declarações ao Jornal de Negócios, que a ex-companheira do presidente do Futebol Clube do Porto deve ser protegida pelas autoridades, enquanto «denunciante».

No entender da magistrada, Carolina Salgado, que no livro acusa o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, de corrupção desportiva e evasão fiscal, «é uma colaborante na descoberta da verdade», pelo que «merece protecção legal».
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