Vara: «Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi de ninguém» - TVI

Vara: «Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi de ninguém»

Arguido começou a ser interrogado no JIC de Aveiro mas regressa a 27 de Novembro. Teve acesso às escutas que indiciam a prática de crimes de tráfico de influência. Defesa garante ao tvi24.pt que não existe registo de pedido de 10 mil euros

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(ACTUALIZADA ÀS 00:27 de 19 de NOVEMBRO)

«Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi dinheiro de ninguém», garantiu esta madrugada de quinta-feira Armando Vara, à saída do Juízo de Instrução Criminal de Aveiro, onde começou a ser interrogado no processo «Face Oculta». A defesa de Vara garantiu mesmo ao tvi24.pt que não há nenhuma escuta em que o vice-presidente do BCP peça 10 mil euros a Manuel Godinho, o único detido no processo «Face Oculta».

A consulta de documentos e o interrogatório prosseguem no dia 27 de Novembro.

Nove horas depois de ter entrado no JIC de Aveiro, o vice-presidente do Millenium BCP, que suspendeu funções, contou aos jornalistas que passou o dia a consultar o processo e que até começou «a responder a perguntas» no âmbito do interrogatório.

«As acusações são falsas» e a verdade virá ao de cima, garante o ex-ministro que recusa avançar mais pormenores para não violar o segredo de justiça.

«Não quero dar um contributo para as fugas selectivas de informação» com propósitos determinados, atira, recusando pormenorizar. Horas antes, quando saiu para o jantar, o socialista já afirmara não querer «contribuir para este espectáculo degradante».

Na mesma altura, assegurou: «Não cometi nenhum crime, não tenho nada a pesar na consciência e isso ficará provado no final do processo».

Armando Vara e os advogados que o defendem chegaram ao JIC de Aveiro minutos antes das 15 horas e estiveram a consultar alguns documentos que lhe estão acessíveis na fase de inquérito.

O banqueiro afirma ter consultado uma «vastíssima» documentação. De acordo com informações recolhidas pelo tvi24.pt, o arguido e a sua defesa tiveram acesso às escutas telefónicas em que Vara é interveniente. Excluídas da consulta estiveram as polémicas escutas com o primeiro-ministro José Sócrates.

As conversas validadas pelo juiz de instrução indiciam, segundo a investigação, que o ex-ministro cometeu o crime de tráfico de influências ao exercer ou prometer exercer a sua influência no sentido de garantir o favorecimento das empresas de Manuel Godinho nos concursos para tratamento de resíduos em empresas do Estado ou de participação maioritariamente pública.

O antigo ministro socialista terá solicitado e recebido dez mil euros do empresário de Ovar para exercer a sua influência junto de titulares de cargos governativos ou políticos, titulares de cargos de direcção ou de pessoas com capacidade de decidir ou com acesso a informação privilegiada, para beneficiar as empresas de Godinho.

Sobre o alegado pedido de 10 mil euros, fonte da defesa adianta que nada constava dos elementos consultados.

Recorde-se que Armando Vara integra segundo a investigação uma «rede tentacular» criada pelo empresário de Ovar, Manuel Godinho, principal arguido do processo «Face Oculta», com vista a privilegiar as suas empresas nos contratos de recolha, armazenagem, triagem e tratamento de resíduos com empresas participadas pelo Estado.

«Vou colaborar com a Justiça, sou o mais interessado nisso», afirmou Armando Vara, esta quarta-feira, à entrada do Juízo de Instrução Criminal de Aveiro.

Pelo edifício do JIC de Aveiro, passou ainda esta tarde e noite o advogado Duarte Santana Lopes, filho do ex-primeiro-ministro, que integra a equipa de defesa de José Penedos, presidente da REN.

O advogado do escritório de José Manuel Galvão Teles esteve a consultar as partes do processo que estão acessíveis à defesa na fase de inquérito, confirmando ao tvi24.pt que o arguido regressa amanhã, quinta-feira, «à hora que o tribunal indicar». Penedos será ouvido pelas 15 horas.
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